Os Estados Unidos violaram a soberania da China com a venda de armas a Taiwan e a reunião do presidente Barack Obama com o Dalai Lama no início do ano, acusou neste domingo o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao, em uma entrevista coletiva no encerramento da sessão anual do Parlamento.

“As relações China-EUA tiveram um bom início com a chegada ao poder do presidente americano Barack Obama”, disse o premier, antes de acrescentar que a venda de armas a Taiwan em janeiro e o encontro de fevereiro com o Dalai Lama, líder espiritual dos budistas tibetanos, “violaram a soberania chinesa”.

“Estes dois acontecimentos provocaram graves perturbações”, completou o chefe de Governo.

“A responsabilidade não cabe ao lado chinês, e sim ao lado americano”.

“Esperamos que os Estados Unidos respondam a estas questões com total honestidade e adote iniciativas concretas para melhorar as relações bilaterais”, destacou.

“Mais vale o diálogo que a confrontação”, disse o premier, que também criticiou as tentações protecionistas dos sócios comerciais da China.

Também disse que a China não busca a hegemonia, ao ser questionado sobre a “arrogância” do país.

“Alguns dizem que a China é arrogante, dura. Mas o desenvolvimento pacífico da China não afetará nenhum país”, respondeu a um jornalista estrangeiro.

“A China nunca buscará a hegemonia, nem quando for um país desenvolvido”, completou, antes de destacar que levará 100 anos ou mais para a China ser um país moderno.

Jiabao anunciou ainda que a China prosseguirá com a política de recuperação econômica, iniciada no fim de 2008 para enfrentar a crise financeira.

“Devemos garantir a estabilidade e continuidade de nossa política, prosseguir com uma política orçamentária voluntarista e uma política monetária flexível”.

Em 2009, apesar da crise mundial, a China teve um crescimento de quase 9%.

Ao mesmo tempo, declarou não aceitar as pressões de outros países por uma valorização do yuan. Os grandes sócios comerciais de Pequim, com Estados Unidos e Europa à frente, consideram a moeda chinesa subvalorizada, o que favorece as exportações do país.

Ao ser questionado sobre a polêmica criada pela gigante americano de internet Google ao anunciar que cogita a saída do mercado mercado chinês, Wen Jiabao se limitou a afirmar que o país continua aberto aos investimentos estrangeiros.

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