A JBS anunciou nesta terça-feira, 23, que pretende zerar o saldo de emissões de gases do efeito estufa das suas operações, ou seja, tornar-se Net Zero, até 2040. O CEO da companhia, Gilberto Tomazoni, disse ao Broadcast Agro que a iniciativa deve influenciar todo o setor pecuário e que a sustentabilidade passou a ser a principal estratégia da empresa. “É ela que subordina toda a nossa estratégia de negócios há alguns anos”, disse. O compromisso envolve as operações globais – América do Sul, América do Norte, Europa, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia – e todos os elos da cadeia produtiva.

Dentre as medidas previstas no plano de ação está o investimento de US$ 1 bilhão em inovação para fomentar soluções que reduzam as emissões de carbono nas atividades da empresa. Além disso, em todas as suas unidades, a JBS vai converter o uso de energia para 100% de eletricidade renovável até 2040.

Em relação à pecuária, a JBS pretende incentivar o uso de soluções que ajudem a balancear a emissão de gases do efeito estufa nas fazendas que são suas fornecedoras. Um dos motes é zerar o desmatamento ilegal da Amazônia na sua cadeia até 2025 e nos outros biomas brasileiros até 2030. Para isso, entretanto, a empresa depende do rastreamento e monitoramento de toda a cadeia de gado. Atualmente, esse controle é realizado apenas com os fornecedores diretos da companhia, mas está em curso um projeto de expansão, com base em uma tecnologia blockchain, para monitorar também os fornecedores indiretos, ou seja, os que vendem gado para as propriedades das quais a JBS adquire os animais.

De acordo com Tomazoni, esse trabalho de adequação das atividades – como, por exemplo, a implementação do sistema produtivo de integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF) – será feito pelos próprios fornecedores, que contarão com o apoio da empresa. “Nós não vamos apenas dizer o que eles precisam fazer, nós vamos estar lá apoiando de forma gratuita e orientando para a aplicação de práticas mais sustentáveis. E quando necessário, nós vamos contratar uma terceira parte para ajudar nesse processo e fazer isso acontecer”, disse. “Nós já estamos implementando Escritórios Verdes nas nossas unidades para fazer esse trabalho”.

Alguns fornecedores da JBS já trabalham com regeneração de pastagens e ILPF para aumento de produtividade, segundo Tomazoni. “Algumas não apenas capturam carbono como vendem créditos de carbono a partir dessas ações e é isso o que a gente pretende fomentar.”

Nas áreas em que a JBS não conseguir zerar o saldo de emissões, isso será balanceado com iniciativas de captura de carbono, como práticas agrícolas que regeneram o solo, a utilização de novas tecnologias e o reflorestamento. “Os confinamentos, por exemplo, podem não ser Net Zero e terem uma emissão positiva, mas isso será compensado pelo fornecedor de grãos ou de gado dele que for carbono negativo. Precisamos olhar para a cadeia como um todo e essas emissões e capturas vão se anulando”, comentou o executivo.

“Na América do Norte, a JBS já reduziu em cerca de 20% suas emissões desde 2015. No Reino Unido e Irlanda do Norte, a Moy Park diminuiu a intensidade de suas emissões em mais de 77% desde 2010, e a Pilgrims UK já tinha se comprometido a ser Net Zero até 2040”, informou a empresa em comunicado.

O prazo estabelecido pela empresa para alcançar o Net Zero é 10 anos menor do que o limite exigido pela iniciativa “Ambição Empresarial pelo 1,5ºC”, do Pacto Global das Nações Unidas, assinada pela JBS. O próximo passo é apresentar um plano com base científica, alinhado com os critérios estabelecidos pela Science-Based Targets initiative (SBT), que norteará esse percurso. A JBS informou, ainda, que vai divulgar atualizações anuais sobre o progresso do plano, além dos riscos financeiros ligados à alterações climáticas, conforme a iniciativa TCFD – Task Force on Climate-related Financial Disclosure.