Por Yoshifumi Takemoto e Ju-min Park

TÓQUIO (Reuters) – O Japão está cogitando barrar todos os espectadores da Olimpíada, disseram várias fontes à Reuters nesta quarta-feira, e as autoridades devem declarar um estado de emergência em Tóquio para conter as infecções de coronavírus 16 dias antes do início dos Jogos.

Especialistas médicos dizem há semanas que não ter espectadores na Olimpíada seria a opção menos arriscada em meio aos temores públicos generalizados do risco de os Jogos desencadearem novas disparadas de infecções.

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Os organizadores já proibiram espectadores estrangeiros e estabeleceram um teto de espectadores domésticos de 50% da capacidade, ou até 10 mil pessoas, para conter um surto prolongado de coronavírus.

As autoridades lutam com a questão há meses, mas um revés do partido governista em uma eleição da Assembleia de Tóquio no domingo, que alguns aliados do primeiro-ministro Yoshihide Suga atribuíram à revolta popular com os Jogos, os forçou a refletir, disseram fontes.

“Politicamente falando, não ter espectadores agora é inevitável”, disse uma fonte do partido governista à Reuters.

O Japão realizará uma eleição geral no final deste ano, e a insistência do governo na realização dos Jogos, adiados no ano passado quando o vírus se espalhava pelo mundo, pode lhe custar caro nas urnas.

O comitê organizador da Tóquio 2020 disse que as restrições aos espectadores se baseará no conteúdo do estado de emergência de coronavírus do país ou outras medidas relevantes

O Japão não testemunha o tipo de surto explosivo de Covid-19 visto em outras partes do mundo, mas acumula mais de 800 mil casos e 14.800 mortes. A capital Tóquio relatou 920 casos novos diários nesta quarta-feira, a maior taxa desde 13 de maio

Por causa da distribuição lenta de vacinas contra Covid-19, só um quarto da população já recebeu ao menos uma dose.

Os preparativos dos Jogos estão ofuscados pelo receio do impacto da Covid-19, e as autoridades mostram dificuldade para eliminar focos persistentes de infecções, particularmente em Tóquio e nos arredores.

(Reportagem adicional de Kiyoshi Takenaka, Tim Kelly, Mari Saito e Antoni Slodkowski em Tóquio e Stephanie Nebehay em Genebra)

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