O líder da Rede na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), considera que a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva no caso JBS é “extremamente consistente” e “bem fundamentada”. “Janot mostra que a função pública foi desvirtuada pelo presidente e pelo ex-deputado (Rodrigo Rocha Loures). É uma denúncia muito dura que leva ao pedido de condenação e até de indenização”, avaliou Molon.

Como Janot denunciou Temer nesta segunda-feira, 26, apenas por corrupção passiva, Molon avalia que a acusação será “fatiada” de acordo com os supostos crimes praticados. “Há pelos menos outros duas denúncias possíveis, por obstrução de Justiça e organização criminosa”, opinou. A divisão, segundo Molon, deve enfraquecer o governo. “Tudo indica que o governo vai continuar sangrando e o desgaste será cada vez maior. Até acabar com essa República das malas de dinheiro.”

A ação proposta por Janot não pode ser aberta diretamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, terá de enviar a acusação formal do procurador à Câmara. Para Molon, isto deve ocorrer nesta terça-feira, 27. “O governo pode tentar de tudo, mas a pressão fará com que a Câmara aceite a denúncia”, disse. “Com uma denúncia tão bem fundamentada e substanciosa vai ficar difícil para a base enterrar os fatos”, continuou o líder da Rede.

Molon destacou ainda que o inquérito e a denúncia contra Temer mostram que há outros elementos que demonstram práticas de crimes por Temer, além do áudio entre ele e o dono da JBS, Joesley Batista, citando a gravação em que Loures aparece carregando uma mala de R$ 500 mil de propina oriunda da JBS. “Hoje, Temer disse que ele e seus ministros não serão destruídos. Ele não será destruído, será preso junto daqueles que praticaram crimes com ele”, afirmou o deputado.