O mercado automobilístico mundial se espantou em 2021 com desabafo pouco comum de um executivo em relação à organização que comanda. O CEO global da Jaguar Land Rover (JLR), Thierry Bolloré, afirmou que as marcas britânicas perdiam 100 mil vendas anuais por causa da má qualidade dos produtos comercializados. Um sinal de alerta para o controlador indiano Grupo Tata e, principalmente, para os clientes. Mesmo polêmica, a declaração em nada afetou os negócios das bandeiras no Brasil, onde a média anual somada de vendas se manteve em 5 mil unidades. No entanto, a JLR sonha alto e foi buscar na concorrente Volvo João Oliveira, que desde julho responde pelo cargo de presidente da Jaguar Land Rover América Latina e Caribe. Ele busca dar sequência ao processo de transformação e de crescimento da companhia no mercado nacional.

Engenheiro de formação, João Oliveira tem ampla experiência no segmento premium ocupado pela Jaguar Land Rover. Além do posto de diretor geral, atuou nas áreas de manufatura, eletrificação, vendas, marketing, atendimento ao cliente e desenvolvimento da Volvo Cars Brasil. “Acompanhei toda a história da Volvo por muito tempo no Brasil. Foram praticamente 19 anos. Participei de uma etapa de transformação de marca bastante interessante.”

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“Costumo dizer que o crescimento é muito mais consequência do trabalho e do reconhecimento do consumidor” João Oliveira, presidente da JLR América Latina e Caribe.

A troca de camisa, ou melhor, de bandeira, está diretamente relacionada ao prestígio e à força da JLR na América Latina. “O interessante da Jaguar é que conseguimos ter volume expressivo na ponta superior do segmento premium”, afirmou. “Já os clientes da Land Rover são ultra-apaixonados pela marca. No geral, temos uma rede forte de concessionárias no Brasil, além dos movimentos e das agendas que as bandeiras estão buscando.”

Os movimentos integram o projeto de transformação do grupo no Brasil, o que envolve experiência do consumidor, eletrificação e sustentabilidade. Faz parte dos planos explorar cada vez mais a Land Rover como uma marca de luxo moderno. “Costumo dizer para os times que o luxo é, principalmente, o cuidado. Cuidar do nosso cliente de uma maneira excepcional que não encontre em outra marca do segmento. É cuidar da nossa sociedade, do planeta, do meio ambiente. Acho que o luxo moderno é isso. Cuidado no sentido mais amplo e irrestrito que a gente pode ter.”

Neste sentido, os temas sustentabilidade e eletrificação estão mais presentes no dia a dia da JLR. “Queremos tornar nossos concessionários cada vez mais sustentáveis, a exemplo da fábrica”, afirmou o executivo. “Isso sem contar a eletrificação, que é um conhecimento que já trago da outra operação.” Agora na Jaguar Land Rover, o objetivo é acelerar o tema o máximo possível. A Jaguar pretende ter todos os modelos eletrificados até 2025 — no momento, o I-Pace é o único 100% elétrico. Entre os híbridos estão o F-Pace e o E-Pace. Já a Land Rover espera oferecer opções eletrificadas de todo o seu portfólio até 2030. Agora, disponibiliza os híbridos Range Rover, Range Rover Sport e Range Rover Velar. A marca, aliás, pretende apresentar o seu primeiro modelo 100% elétrico em 2024.

A Land Rover é o carro chefe do grupo no Brasil. Nos últimos três anos, vendeu, em média, 5 mil veículos por temporada. A estrela é o modelo Discovery, com média anual de 2,4 mil unidades. A bandeira ocupa a quinta posição em vendas no segmento até outubro, com 3,1 mil unidades, atrás de Volvo (em quarto, com 4 mil), Audi (terceira, 4,1 mil), Mercedes-Benz (em segundo, 5 mil) e da líder BMW (11,4 mil). Segundo Oliveira, inicialmente não há meta estipulada de ganho de posição no mercado. “Temos que reforçar cada vez mais as nossas bases para a gente falar em posições de mercado.”

LUXO AO EXTREMO O F-Pace é uma das estrelas do portfólio da Jaguar. (Crédito:Divulgação)

O presidente segue roteiro implantado na Volvo. “Transformamos a Volvo em uma marca mais relevante em posicionamento de mercado. Essa trajetória foi de 2018 a 2021, quando subimos do quinto para o segundo lugar [no mercado premium]. Costumo dizer que isso [crescimento] é muito mais uma consequência do trabalho e do reconhecimento do consumidor, da consistência das nossas atividades.”

E nem mesmo a declaração do CEO da JLR no ano passado parece incomodar Oliveira. “Foi importante como choque interno na empresa, mas já faz parte do passado e a gente percebe cada vez mais a melhoria na qualidade dos carros, a evolução, e isso é uma jornada”, afirmou. “A forma como ele [Thierry Bolloré] falou foi importante, porque há momentos que você precisa dar uma chacoalhada na estrutura para fazer as pessoas reagirem de maneira mais rápida.”

EM CASA A planta em Itatiaia, no Rio de Janeiro, é importante aliada no processo de crescimento da Land Rover, diferentemente do que o executivo vivenciou na Volvo, onde todos os modelos são importados. “A fábrica dá um pouco mais de flexibilidade, porque está preparada para entregar os produtos que precisamos para o nosso mercado. Isso garante também um pouco mais de velocidade para reagirmos.” E também ajuda, de acordo com ele, na questão de fornecimento diante das dificuldades globais com suprimento de componentes. “Com uma fábrica local temos uma produção mais protegida. Melhor do que estarmos competindo com outros países por produtos que precisam ser repartidos.”

A unidade brasileira fabrica os modelos Discovery Sport e Evoque. Os demais comercializados pela Land Rover são importados, como o Range Rover Velar e Sport, este último que teve o modelo 2023 lançado recentemente, com preços que variam entre R$ 953,9 mil e R$ 1,1 milhão. Já o portfólio da Jaguar é composto apenas por veículos importados, com destaque para I-Pace, F-Type, E-Pace e F-Pace.

Nissan integra parceria de R$ 2,4 mi para postos de recarga

A Nissan se uniu à Zletric, à Movida e à rede de postos SIM para projeto que promete garantir uma viagem tranquila aos condutores de um carro elétrico pela região sul do Brasil. Com investimento de R$ 2,4 milhões, as marcas inauguraram na terca-feira (8)
o Rota Sul, rede privada de eletropostos em trajeto que liga Curitiba, no Paraná, a Gramado, na Serra Gaúcha.

O Rota Sul é composto por dez pontos com carregadores rápidos e semirrápidos instalados em postos da Rede SIM, a uma distância de até 200 km entre eles. “A inauguração do Rota Sul é mais um importante passo do plano de eletrificação da Nissan no País”, disse Ayrton Cousseau, diretor geral da Nissan do Brasil. A marca comercializa o elétrico Leaf por aqui.

Na primeira fase do Rota Sul entraram em funcionamento quatro postos rápidos, com 60Kw, nas cidades de São Sebastião do Caí, Gravataí, Caxias do Sul e Três Cachoeiras. E um semirrápido, com 22Kw, em Laguna. Na segunda etapa, prevista para ser concluída até o fim de novembro, entrarão em operação mais cinco eletropostos, sendo um rápido em Gramado, e quatro semirrápidos em Bento Gonçalves, Itajaí, Araquari e Camaquã.

Para acessar os pontos, o motorista deve baixar o aplicativo da Zletric. ““Queremos que o usuário realize o seu deslocamento como fazia com o carro movido a gasolina, sem a preocupação de planejar uma recarga, já que ele poderá usufruir de uma
rede interligada”, afirma Pedro Schaan, CEO da Zletric.