Oportunidade: Anderson Kanno, da Acer, diz que escolas querem preparar melhor seus alunos para o mundo digital (Crédito:Gabriel Reis)

São números de impressionar. Os 48,5 milhões de estudantes no Ensino Básico (divididos em educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) formam um contingente de brasileiros equivalente à população da Colômbia, o segundo maior país da América do Sul. O que poderia ser uma grande notícia tem, no entanto, seu lado deprimente. Pesquisa de 2015 mostra que apenas 28,3% destes adolescentes e crianças afirmavam ter acesso a computadores com internet nas escolas — no mesmo levantamento, o percentual entre países da OCDE era quase o dobro, 55,9%. Mas esse cenário não assusta a Acer. Na verdade, atrai. “Temos observado demanda das escolas por prepararem melhor seus alunos para o mundo digital”, diz o diretor sênior de marketing e vendas da empresa, Anderson Kanno. “Como provedor de hardware para nós é uma grande oportunidade.”

Além de um cenário de baixa presença de computadores nas escolas, quando a máquina existe muitas vezes não há conexão à internet, ou é usada para serviços administrativos e não dentro da sala de aula. Finalmente ao aparecer na sala de aula muitas vezes o professor não tem conteúdo ou não foi preparado para o ambiente digital. Ao contrário do que prediz o senso comum, esse fenômeno não está restrito ao universo do ensino público, afirma Kanno. Isso faz com que uma legião de adolescentes e crianças (39,5 milhões em instituições públicas e 9 milhões em estabelecimentos privados) além de uma massa de 2,2, milhões de professores espalhados por quase 182 mil escolas (77,7% públicas e 22,3% privadas) construam um gap que mantém o Brasil no século passado. Pois é justamente esse cenário de filme de terror que move a Acer. “Não traremos apenas hardwares para esse ambiente, traremos soluções integradas”, diz.

PRESSÃO ORGÂNICA A empresa vê no barateamento do acesso e na disseminação do uso da internet fora da escola uma pressão orgânica para que o mundo do ensino passe a se inserir no universo digital. A mais recente pesquisa Cetic-br mostra que 86% de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos estão conectados. É para esse público que a empresa pensa em levar soluções. O segmento já é trabalhado pela Acer fortemente em muitos países. O que muda, agora, é que todo esse repertório de soluções aporta no Brasil. “Trouxemos uma plataforma e todo um know how”, diz Kanno.

Em 2018, de acordo com o IDC, o mercado de computadores no País cresceu 7,5% em relação ao ano anterior em volume e 17% em receita. A venda de notebooks (cujo preço médio subiu 10%) gerou mais de R$ 10,3 bilhões, enquanto a de desktops (alta de 8% no preço médio) movimentou R$ 3,6 bilhões. Mesmo com a elevação, a letargia econômica deixa o setor extremamente competitivo. Com isso, apostas em nichos e verticais do segmento viraram estratégia para os principais players. “E agora as soluções não podem depender apenas do hardware. É preciso ter serviços agregados”, afirma Kanno.