No início, imperava o lado romântico, quase anárquico, que inspirou muitas idéias na Internet. Mas havia um bom negócio no meio do caminho. Criado para ser uma espécie de tribuna livre, onde os internautas poderiam dar sua opinião sobre qualquer coisa, o site iVox vai agora usar a voz do povo do universo cibernético para faturar alto. Como? Organizando e vendendo às empresas interessadas as opiniões dos seus usuários. ?Temos 50 mil pessoas cadastradas e opiniões qualificadas sobre 21 mil produtos?, afirma Bernardo Amaral, 27 anos, um dos fundadores. O problema é que faltava quem pusesse ordem nesse patrimônio. Por isso, ele e os sócios Hiro Kozaka, 26 anos, Rodrigo Araújo, 28, e Leandro Kenski, 26, saíram atrás da voz da experiência. Graças a um acordo com a empresa carioca de pesquisas Enfoque, a partir de agora vão formatar todas as atuais e as futuras análises enviadas para o site e, com esses dados, poderão gerar relatórios de pesquisa para clientes interessados em saber o que o público pensa sobre um carro, uma companhia telefônica ou o filme que estreou nos cinemas.

Além dos usuários cadastrados, os donos do iVox pretendem atrair para o site outros 350 mil visitantes esporádicos. A isca será o velho e bom dinheiro. ?Vamos pagar, no mínimo, R$ 10 a cada pessoa escolhida para responder a uma pesquisa. Ela também poderá acumular pontos e trocar por produtos?, afirma Zilda Knoploch, 51 anos, diretora-executiva da Enfoque. Quem dá, quer receber. A previsão da empresa é faturar R$ 2 milhões em 2001 com a venda de relatórios e pesquisas. Em 2002, eles projetam uma receita de R$ 5 milhões. ?Com isso, vamos dar lucro a partir de janeiro de 2002. Os custos operacionais, porém, começam a ser pagos até dezembro deste ano?, afirma Kenski. Há outras oportunidades de negócio, como o teste de produtos. A Enfoque vai selecionar um grupo de internautas para fazer a avaliação de lançamentos das empresas.