O Itaú Unibanco acredita que a opção de parcelamento já oferecida pelo banco deve ser mais utilizada do que a nova introduzida pela instituição na adequação às regras estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A afirmação é do diretor executivo do Itaú Unibanco, Marcos Magalhães, em entrevista à imprensa para explicar as mudanças.

Do saldo de R$ 59 bilhões da carteira de cartões de crédito, 6% está parcelado, enquanto 12% envolvem rotativo somado ao rotativo em atraso. O executivo não abriu informações sobre o porcentual do rotativo em atraso.

Magalhães reiterou que os efeitos do fim do rotativo além de 30 dias – onde estão as maiores taxas e, portanto, com efeito na margem – e da migração obrigatória dos clientes para o parcelado, com potencial efeito positivo nos índices de inadimplência já foram incorporados no guidance divulgado pelo banco no quarto trimestre. “O Itaú está debruçado sobre o assunto há bastante tempo e todos os fatos já estão inclusos no guidance do quarto trimestre”, frisou.

Ele ressaltou que os indicadores de benchmark mostram que a média de rolagem está abaixo do mercado. “Temos uma carteira com saldo rotativo inferior ao do mercado e sabemos os efeitos e os benefícios; temos condições de fazer aposta de que esse ciclo de inadimplência versus taxas pode ter um efeito positivo”, disse.

Magalhães ressaltou ainda que embora essa mudança pareça sutil, tem viés muito importante. “A grande mensagem por trás da resolução e dos movimentos que devem se intensificar a partir de abril é a redução do juro do produto tanto na modalidade em que o consumidor se financia, via rotativo e parcelado, em busca de um novo patamar de encargos associado a um novo patamar de risco”, disse.

O Itaú criou uma nova opção de parcelamento, em que o cliente pode escolher o valor do pagamento da primeira parcela e o remanescente será parcelado em até 12 vezes. Na condição já oferecida atualmente pelo Itaú Unibanco, o saldo é parcelado em até 24 vezes, sem opção de escolha do valor de entrada.

De acordo com Magalhães, as taxas de juro aplicadas em ambas opções de são iguais e inferiores às praticadas no rotativo.

O parcelamento será feito sob o saldo devedor do mês anterior, somado aos encargos e eventuais novas compras que ocorrerem no período. Caso o cliente opte por parcelar com a escolha do montante da primeira parcela (a nova opção apresentada) esse valor não poderá ser inferior à parcela do plano mais longo e/ou superior ao pagamento mínimo da fatura.

Mais mudanças

O movimento de redução da taxa de juro cobrada no crédito rotativo considerou os efeitos positivos previstos pelo Itaú Unibanco na inadimplência dentro do novo modelo proposto pelo CMN para os cartões de crédito e também a redução da taxa Selic, explicou Magalhães. “Fizemos o movimento dentro do cenário atual”, afirmou.

O Itaú Unibanco reduziu a taxa do rotativo em 4 pontos porcentuais na média, enquanto que no maior caso a redução foi de 7 pontos. A taxa máxima cobrada no rotativo está em torno de 16% ao mês, de acordo com Magalhães.

O executivo acrescentou que para haver redução ainda maior são necessárias outras mudanças como a implantação do bureau positivo e alterações nos subsídios cruzados, ou seja, no suposto parcelamento sem juro. “Apostamos no bureau positivo, o que deve melhorar muito a informação para concessão e, portanto, a precificação da taxa deverá ter melhor assertividade”, destacou. E completou: “São debates que tem de ser feitos ainda este ano.”