Os 450 migrantes que estavam a bordo de dois navios militares em águas italianas desembarcaram neste domingo à noite, após o acordo alcançado por Roma com cinco países da União Europeia (UE) para receber 250 deles.

“Essa deve ser a resposta da UE, com solidariedade e responsabilidade”, comentou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte.

A decisão do governo italiano de permitir o desembarque se seguiu ao compromisso de cinco países da União Europeia – França, Espanha, Portugal, Malta e Alemanha – de acolher 50 migrantes cada.

“A terrível viagem dos migrantes que estavam há dias em dois navios na frente do porto de Pozzallo chegou ao fim à noite com seu desembarque”, declarou Roberto Ammatuma, prefeito de Pozzallo, no sul da Sicília, após o desembarque dos migrantes.

“Hoje, pela primeira vez, podemos dizer que os migrantes desembarcaram na Europa”, comentou, com satisfação, a presidência do Conselho de Ministros.

A Itália queixa-se há anos da falta de solidariedade dos demais países da UE no que diz respeito à crise migratóri, e considera que o fenômeno deve ser encarado de maneira conjunta.

“Os migrantes receberão toda ajuda necessária à espera de serem distribuídos entre os outros países europeus” que aceitaram acolhê-los, acrescentou a presidência do Conselho de Ministros.

O ministro do Interior, Matteo Salvini, defensor de uma linha dura contra a imigração, também manifestou sua satisfação com a resposta dos cinco países europeus.

“A firmeza e coerência tem dado frutos. Foi uma vitória política”, comentou Salvini em uma mensagem nas redes sociais.

Uma embarcação de madeira com 450 pessoas a bordo que havia partido da Líbia foi resgatada na madrugada de sexta-feira em águas internacionais, na zona de intervenção maltesa.

Em uma troca de mensagens, e-mails e telefonemas entre as autoridades de ambos os países, Roma tentou fazer Malta assumir a responsabilidade por esses migrantes.

Malta rebateu, alegando que a embarcação estava mais perto da ilha italiana de Lampedusa do que de seu próprio território, destacando que os migrantes não queriam a ajuda maltesa, e sim continuar seu caminho rumo à Itália.

Desde sábado de manhã, os dois navios militares, para os quais os migrantes foram levados, permaneciam próximo à costa siciliana, à espera de uma solução definitiva.

Doentes, mulheres e crianças foram autorizados a desembarcar em várias etapas entre sábado e domingo antes sinal verde para a saída dos demais, no domingo à noite.

Os migrantes vêm principalmente da Eritreia e da Somália, mas também da Síria, Palestina, Nigéria, Líbia, Bangladesh, Tunísia, Egito, Costa do Marfim, Sudão, Camarões e Argélia.

Esta é a terceira vez que a Itália conseguiu distribuir os migrantes entre outros países europeus, seguindo a linha do novo governo de coalizão entre o partido de extrema-direita Liga e a formação antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5S).