O presidente da República da Itália, Sergio Mattarella, inicia nesta quarta-feira (27) as consultas com os principais líderes políticos para a formação de um novo governo, após a renúncia do primeiro-ministro Giuseppe Conte.

As consultas, que durarão três dias, começam com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

A aliança de partidos de extrema direita e de direita, formada pela Força Itália (FI) de Silvio Berlusconi, pela Liga de Matteo Salvini e Fratelli d’Italia (FDI) de Giorgia Meloni, anunciou que enviará uma única delegação para pedir eleições antecipadas que, de acordo com as pesquisas, ganhariam.

Giuseppe Conte, que renunciou ao seu cargo após perder o apoio do pequeno mas fundamental partido Itália Viva (IV) do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, espera obter um novo mandato por parte de Mattarella para tentar formar outro governo, o terceiro desde 2018, de corte “europeísta”.

Para isso, o primeiro-ministro que renunciou retomou os contatos com um grupo de aproximadamente 10 senadores, entre eles independentes e moderados de centro, dispostos a apoiá-lo de modo que seu Executivo não dependa das forças e exigências de Renzi.

Apesar disso, não conta com os votos suficientes para garantir a criação do novo governo.

Conte cancelou sua participação por vídeoconferência nesta quarta-feira no Fórum Econômico Mundial de Davos, cujo tema central é a pandemia de coronavírus.

Itália, o primeiro país da Europa afetado pela covid-19, prepara um grande plano de mais de 200 bilhões de euros (242 bilhões de dólares) para reativar a terceira economia da eurozona duramente atingida pela pandemia, que deixa mais de 85.000 mortes.

As consultas não têm um limite de tempo, mas a situação econômica e a emergência sanitária exigem que o governo trabalhe com todos os poderes que lhe corresponde e não só para as questões atuais como ocorre hoje.

“O país está atravessando um momento realmente muito difícil (…) que requer uma perspectiva clara e um governo com uma maioria mais ampla e sólida”, escreveu Conte no dia anterior em sua conta do Facebook.

“Minha renúncia está a serviço dessa possibilidade: a formação de um novo governo que possa oferecer uma perspectiva de salvação nacional”, acrescentou.

Segundo o jornal Il Corriere della Sera, o principal veículo do país, a hipótese mais plausível é a de um novo governo liderado por Conte.

A outra possibilidade é a de um liderado por uma personalidade de um dos dois maiores partidos da atual coalizão, o Partido Democrático (PD, centro-esquerda) ou o Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema antes de chegar ao poder).