Os consumidores brasileiros sonham com os chamados televisores finos, aqueles com telas de LCD ou plasma. Atualmente apenas 3,5% dos aparelhos vendidos no País têm essa tecnologia, o que ainda os coloca na categoria de novidades. Porém, nem bem conquistaram o mercado de países como o Brasil, essas tecnologias já ganharam um concorrente que provavelmente vai substituí- las num futuro não muito distante. Seu nome? Organic Light-Emitting Diode (Diodo Emissor de Luz Orgânica), logo abreviado para Oled. Seu diferencial mais visível? A espessura: apenas três milímetros, bem menos do que aquelas produzidas com LCD ou plasma. Foi esse produto, ?fino? como uma moeda, que o presidente da Sony, Ryoji Chubachi, apresentou dias atrás em Tóquio. Os primeiros modelos de 11 polegadas, batizados como Sony Drive XEL-1, chegarão às lojas japonesas no dia 10 de dezembro por um preço equivalente a US$ 1,7 mil.

A base da Oled encontra-se na propriedade de alguns produtos químicos de emitirem luz própria ao receber corrente elétrica. Assim, economizam energia e possuem imagens mais nítidas. Por isso, ela pode significar para o plasma aquilo que o plasma representou para o tubo de imagem dos televisores, ou seja, a sentença de morte. O velório ainda demorará, contudo. A Sony produzirá apenas duas mil unidades mensais do aparelho. A principal barreira para a popularização da Oled é evidentemente o preço ? mas isso ocorre com todos os aparelhos eletroeletrônicos recém-lançados. Os preços das TVs de LCD e de plasma, antes proibitivos, caem a um ritmo de 25% a 30% por ano, devido à forte disputa entre as fabricantes. Por isso, segundo estudo da Display- Search, em 2006 foram vendidos 46 milhões de unidades de televisores de Plasma, um número que deve chegar em 110 milhões em 2009. ?Por se tratar de uma tecnologia nova, acaba sendo muito cara. O grande desafio dos fabricantes é reduzir o preço para torná-lo um aparelho de massa no mundo inteiro?, diz Ivair Rodrigues, diretor da consultoria Itedata.?Por enquanto será apenas um produto para atender nichos do mercado.?

“O Sony Drive é a prova do nosso renascimento técnico”
RYOJI CHUBACHI presidente da Sony

Por isso, há quem acredite que a Sony tenha se precipitado em apostar num produto de pouca escala. Para outros, contudo, o lançamento tem, acima de tudo, um caráter simbólico para a companhia. Segunda colocada na venda mundial de televisores de LCD, atrás da Samsung, a empresa quis dar uma demonstração de que ainda mantém a inovação em seu DNA. ?Esse anúncio tem como objetivo projetar que os tempos de inovação da Sony estão de volta?, disse David Gibson, analista da consultoria Macquaire, ao jornal Financial Times. Nos últimos anos, por conta da expansão de companhias como a americana Apple e as coreanas LG e Samsung, a Sony parece estar sempre um passo atrás quando o assunto é avanço tecnológico.No caso do LCD, por exemplo, ela foi obrigada a se associar à Samsung para ter acesso a esse know- how. Devido a essas críticas, o presidente Chubachi classificou a Oled como uma ?prova de nosso renascimento técnico?.

O curioso é que, a rigor, a Sony também não inovou na questão da Oled. Na verdade, a tecnologia foi desenvolvida pela Kodak em 1980, com a intenção de fabricar câmeras fotográficas mais leves e finas para os consumidores. Há 27 anos, assim como hoje, o conceito da Oled é melhorar a qualidade da impressão de uma tela, através da emissão de luz orgânica. A Sony não pode, portanto, se proclamar como a inventora da Oled, mas poderá se gabar de ser a primeira a levá-la para a sala de TV dos consumidores.

É caro? US$ 1,7 mil será o preço do modelo do televisor Oled de 11 polegadas que a Sony está lançando no Japão