Parece até roteiro de um filme hollywoodiano. Uma empresa de fachada interessada em contratar os serviços de um executivo brasileiro. Por trás, uma organização de investigação tentando arrancar informações do suposto contratado.

É assim que o bilionário israelense Benjamin Steinmetz tenta encontrar provas para recorrer de uma derrota judicial que teve em um tribunal arbitral, favorável à mineradora brasileira Vale, conforme reportagem publicada pela Piauí.

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Aos fatos. Em 2010, a Vale firmou parceria com a empresa de Steinmetz para exploração de minério de ferro na mina de Simandou, na região sudeste da Guiné. O negócio caminhava bem. A mineradora já tinha desembolsado US$ 500 milhões ao sócio israelense, que juntos formaram uma joint venture.

No entanto, a concessão a qual Steinmetz  teve direito tinha termos considerados nebulosos pelo novo governo que assumiu o país em dezembro de 2010. Começou, então, uma intensa negociação entre as partes e o novo governo para tentar manter o negócio. Em vão.

O governo considerava que os US$ 160 milhões pagos pela mina eram insuficientes e desconfiava que o negócio contou com suborno.

Diante do novo cenário e depois de diversas propostas recusadas, a Vale se retirou do negócio. A essa altura a companhia já tinha desembolsado algo perto de US$ 750 milhões na operação. Recorreu, então, ao tribunal arbitral para reaver os valores. Saiu vitoriosa, mas Steinmetz não se deu por vencido, segundo a Piauí.

Contratou uma empresa privada de espionagem e começou a fazer contatos com ex-executivos da mineradora na tentativa de achar provas contra a Vale e, assim, reabrir o processo e evitar o pagamento de US$ 2,2 bilhões à Vale, conforme definido pelo tribunal arbitral.

Os investigadores entraram em contato com os brasileiros por meio de uma empresa de fachada. Diziam que queriam contratar os serviços deles para negócios em outros países. Regado a muito luxo e viagens internacionais, os executivos acabaram comentando que a Vale decidiu se associar a Steinmetz mesmo sabendo que o negócio não parecia tão correto.

Com base nesses depoimentos, Steinmetz recorreu à Justiça e agora trava uma batalha contra a mineradora e para evitar o pagamento da indenização bilionária.