Israel reabriu nesta quarta-feira uma passagem de fronteira pela qual transitam as mercadorias até a Faixa de Gaza, o que demonstra um relativo apaziguamento em meio aos esforços diplomáticos para impedir uma nova guerra no território palestino.

Dezenas de caminhões atravessaram a passagem de Kerem Shalom (Kerem Abu Salem, em árabe), a única para o trânsito de mercadorias entre Israel e a Faixa de Gaza, território no qual dois milhões de pessoas vivem na pobreza e sob os bloqueios impostos por Israel e Egito.

Os veículos transportam mercadorias essenciais para a sobrevivência econômica do território, além de combustível, indispensável para o funcionamento dos geradores nos hospitais e nas instalações afetadas por cortes de energia elétrica.

Israel fechou a passagem em 9 de julho, com exceção para os casos de caráter “humanitário” ( comida, medicamentos e material médico), em represália por atos hostis palestinos procedentes de Gaza, sobretudo o lançamento de balões incendiários.

Em 17 de julho também suspendeu o fornecimento de combustível e de gás.

A Faixa de Gaza também tem fronteira com o Egito, que quase sempre fechada. O local reabriu recentemente, mas o trânsito é muito inferior ao de Kerem Shalom.

Os arredores da barreira que separa a Faixa de Gaza do território israelense registraram atos violentos desde 30 de março, o que provocou o temor de uma nova guerra, que seria a quarta desde 2008.

Várias manifestações palestinas foram organizadas contra o bloqueio, que terminaram em confrontos com soldados israelenses nas imediações da Faixa de Gaza.

Ao menos 169 moradores de Gaza morreram atingidos por tiros do militares israelenses desde março. Pela primeira vez desde 2014 um soldado do Estado hebreu morreu nos confrontos.

Na quinta-feira passada, uma trégua foi estabelecida após a mediação do Egito e da ONU, segundo uma fonte próxima Às negociações.

O movimento islamita Hamas, que administra o território, e o governo israelense de direita de Benjamin Netanyahu trabalharam para evitar uma nova guerra.

“Os últimos quatro dias foram os mais tranquilos na fronteira de Gaza desde 30 de março”, afirmou o ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, para justificar a reabertura de Kerem Shalom.

“Mas se o Hamas recorrer novamente à violência, vamos responder imediatamente e de maneira muito mais forte que antes”, advertiu.

Além da reabertura de Kerem Shalom, Israel decidiu ampliar para nove milhas náuticas a zona de pesca da costa de Gaza no Mediterrâneo, a qual havia reduzido em suas represálias.

No âmbito diplomático, ONU e Egito trabalham para estabelecer um cessar-fogo duradouro.