O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aumentou suas possibilidades de vitória sobre o general Benny Gantz, segundo resultados parciais e projeções atualizadas.

Segundo a Rádio e TV estatal, após a apuração de 65% dos votos, o partido de Netanyahu, o Likud (extrema direita), caminha para conquistar 38 das 120 cadeiras do Parlamento, contra 36 para Gantz, do partido Azul e Branco.

Mas a disputa é acirrada e tanto Netanyahu como Gantz reivindicam uma vitória “clara”.

As pesquisas de boca de urna apontaram o Likud com entre 33 e 36 assentos no Parlamento, enquanto o Azul e Branco de Gantz teria 36-37. Entretanto, o número de assentos dos partidos com os quais Netanyahu poderia formar uma coalizão é muito maior do que o de Gantz.

Ambos estão longe da maioria absoluta (61 de 120 assentos) e terão que se aliar a outros partidos para governar.

“O bloco de direita, liderado pelo Likud obteve uma clara vitória”, disse Netanyahu, citando a formação de um governo pela noite. Por outro lado, seu adversário Benny Gantz proclamou: “Ganhamos!”, e afirmou que “estas eleições têm um claro vencedor e um claro perdedor”.

Antes dessas declarações, Netanyahu aparecia mais bem posicionado para formar um governo de coalizão, segundo pesquisas de opinião, mas os resultados finais ainda não estão claros.

Mais de 6,3 milhões de eleitores foram às urnas nesta terça-feira para escolher os 120 deputados que os representarão na Knesset (Parlamento israelense). Até as 16H00 locais (10H00 de Brasília), a participação dos eleitores estava em 42,8%, bem menor que os 45,4% de 2015.

Negociações

Com os resultados confirmados, um período de intensas negociações para formar um governo de coalizão será aberto nos próximos dias.

Cabe ao presidente Reuven Rivlin considerar, à luz das recomendações dos partidos do Knesset, qual formação ele indicará para tentar formar o governo.

Benjamin Netanyahu, que passou 13 anos no cargo de primeiro-ministro, está buscando um quinto mandato que lhe permitirá estabelecer um recorde de longevidade no poder.

O general Gantz, de 59 anos, ex-paraquedista, carrega a experiência como comandante de uma unidade de forças especiais e de ex-chefe do estado-maior das forças de Defesa. Há seis meses, ele não era sequer identificado como político em Israel.

“Bibi esteve no poder por muito tempo”, disse Ronit Kampf, um professor universitário de 45 anos, que votou em Jerusalém e se referiu a Netanyahu pelo apelido.

“Haverá uma grande mudança, que eu não sei qual será exatamente, mas haverá uma mudança”.

Manobras para vencer

Sem diferenças significativas nos programas do governo entre os dois candidatos, a campanha se tornou um plebiscito sobre a pessoa de Netanyahu, adorada e detestada.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, expressou nesta terça-feira seu desejo de que essas eleições tragam a paz e disse estar preparado para retomar as negociações se o direito internacional for respeitado. Mas, diante dos dados, os resultados que dão vantagem a Netanyahu, o negociador palestino Saeb Erekat disse que os israelenses disseram nas urnas “não à paz”.

“Os israelenses votaram para manter o statu quo. Disseram ‘não’ à paz e ‘sim’ à ocupação”, avaliou Saeb Erekat em um comunicado.

Gantz considera que esta eleição é fundamentalmente sobre o fim de anos de divisões e corrupção corporificados pelo primeiro-ministro.

Netanyahu, por outro lado, garante que ninguém é melhor preparado do que ele para garantir a segurança e a prosperidade do país.

Em fevereiro, o procurador-geral anunciou a intenção de denunciar formalmente Netanyahu por corrupção, fraude e quebra de confiança, e as pesquisas começaram a oscilar.

Refletindo o clima de hostilidade na campanha, o principal partido árabe em Israel apresentou uma queixa na comissão eleitoral depois que militantes do Likud, o partido do primeiro-ministro, foram flagrados com câmeras nas seções eleitorais dos setores de maioria árabe. O partido árabe garante que isso foi feito para intimidar os eleitores e o Likud respondeu que o fez para evitar fraudes.

Os árabes israelenses são os descendentes dos palestinos que ficaram em suas terras após a criação de Israel em 1948.

Aproximação com Trump

Os israelenses consideram que Trump ofereceu a Netanyahu um “presente” espetacular durante a campanha eleitoral, reconhecendo a soberania israelense sobre as Colinas de Golã, anexadas da Síria.

Netanyahu mencionou sempre que pôde sua proximidade com o presidente dos Estados Unidos.

Ele alimentou ainda mais a polêmica, ao afirmar, desafiando um amplo consenso internacional, que está preparado para anexar assentamentos israelenses na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel por meio século.

Líder de um governo considerado o mais direitista da história de Israel, Netanyahu parece pronto para assumir a liderança em uma coalizão ainda mais radical.