O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta quinta-feira (20) a construção de milhares de casas para colonos em Jerusalém Oriental, setor palestino da cidade, a duas semanas das eleições legislativas.

“Acrescentamos 2.200 casas em Har Homa”, declarou o premiê em um vídeo divulgado de seu gabinete, anunciando, assim, a construção de milhares de casas em outro setor da parte oriental de Jerusalém.

“Fundei este bairro em 1997, quando fui eleito primeiro-ministro, apesar das objeções de todo mundo. Hoje existem 40.000 habitantes e adicionaremos 10.000. Har Homa será composta por 50.000 habitantes, como uma cidade israelense comum”, acrescentou.

Em sua campanha para as eleições legislativas de 2 de março, a terceira em menos de um ano, Netanyahu também anunciou a construção de milhares de casas em outro setor da parte oriental de Jerusalém.

“Mas a notícia mais importante hoje é que eu aprovei a construção em Givat Hamatos. Isso significa 4.000 novas casas, 1.000 para os habitantes árabes de Beit Safafa (zona palestina próxima) e 3.000 para os habitantes judeus”, declarou.

– Palestinos reagem

Em um comunicado divulgado após o anúncio do premiê israelense, a Autoridade Palestina reagiu, dizendo se tratar de uma estratégia eleitoral, e advertiu que levará a mais “violência”.

“A tentativa de Netanyahu de conseguir os votos da direita israelense às vésperas das eleições em detrimento dos direitos dos palestinos não levará à paz e à estabilidade, mas a mais tensões e violência na região”, comentou o porta-voz do presidente palestino, Mahmud Abbas, na mesma nota.

O porta-voz insistiu em que Israel quer “destruir a solução de dois Estados” para resolver o conflito entre ambas as partes.

Seguindo a mesma linha, a organização não-governamental anticolonização israelense Paz Agora afirmou no Twitter que “a construção em Givat Hamatos é um duro golpe para a solução de dois Estados”.

“Este é o último lugar que permitiria a continuidade territorial entre Belém e Jerusalém Oriental”, destacou a ONG.

Atualmente, mais de 600.000 pessoas vivem em assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, anexada. A colonização desses territórios, ocupados desde 1967 por Israel, acelerou nos últimos anos sob o impulso do premiê Netanyahu e de seu aliado em Washington, o presidente Donald Trump.

Este último apresentou no final de janeiro seu plano para o Oriente Médio que prevê, entre outras coisas, tornar Jerusalém a capital “indivisível” do Estado de Israel e criar uma capital de um Estado palestino nos subúrbios de Jerusalém.

Os palestinos querem transformar toda Jerusalém Oriental em sua capital e rejeitam o projeto americano. Para Israel, trata-se de um plano “histórico”.