Um ex-responsável iraniano, acusado de “crimes de guerra” e “assassinato” por ter participado das execuções em massa de opositores no Irã em 1988, compareceu pela primeira vez ao julgamento que ocorre há três meses na Suécia.

É a primeira vez que um iraniano é julgado por esses atos violentos ordenados pelo aiatolá Khomeini no final da guerra entre Irã e Iraque (1980-1988) e que deixaram 5.000 vítimas, segundo as organizações de direitos humanos.

Essas execuções, pronunciadas pelas “comissões da morte”, foram dirigidas contra a organização opositora dos Mujahidines do Povo do Irã, armada e apoiada nessa época pelo governo iraquiano de Saddam Hussein.

Hamid Noury, de 60 anos, foi ouvido pela primeira vez essa semana pelo tribunal de Estocolmo.

Noury é acusado de “crimes de guerra” e “assassinato” por ter “tirado a vida de um grande número de prisioneiros simpatizantes ou membros dos Mujahidines do Povo”.

A acusação considera Noury como o assistente do ajudante do fiscal da prisão de Gohardasht, em Karaj, perto de Teerã.

Noury nega seu envolvimento e afirma que não esteve nessa prisão, segundo seus advogados. Mas várias testemunhas declararam que o reconheceram.

Esse processo é possível graças às competências universais da Justiça sueca nos casos de acusações graves. Noury foi detido em novembro de 2019 no aeroporto de Estocolmo.

O caso é muito delicado no Irã, já que há acusações contra membros do governo, como o atual presidente Ebrahim Raisi, por ter feito parte das “comissões da morte”. Raisi negou duas vezes essas acusações.