Qual o impacto nos mercados emergentes do conflito entre Rússia e Ucrânia?
Há vários impactos. O mais imediato é a potencial distorção no mercado de commodities. Algumas empresas de importação e exportação cancelaram ou restringiram seus negócios com a Rússia, e isso deve afetar o mercado de petróleo. A demanda global está na casa de 100 milhões de barris por dia. Nos últimos tempos, devido à queda dos investimentos, a oferta estava justa. Se a Rússia sair do mercado, isso representará uma queda na oferta de 10 milhões a 11 milhões de barris por dia. Além de elevar os preços, isso pode causar distorções.

Quais?
Por exemplo, haverá empresas que estão dispostas a aceitar o petróleo russo e outras que não vão usar esse produto. Isso pode fazer com que surjam dois mercados, provocando distorções. A principal incógnita é o comportamento da China. Os dois países já tinham acordos para que empresas russas ajudassem no desenvolvimento do setor de óleo e de gás chinês.

E quais os impactos sobre o Brasil?
Nosso maior problema é no agronegócio. Cerca de 25% da demanda de insumos para fertilizantes é abastecida pela Rússia. Se houver problemas com o fornecimento, os custos da produção agrícola vão aumentar e a produtividade do setor pode ser prejudicada. Tudo isso eleva os preços e pressiona a inflação. Antes do conflito, o consenso do mercado é que o pico da inflação ocorreria em abril. Agora, os preços podem subir mais do que o esperado e permanecer elevados por mais tempo.

O que o conflito mudou na gestão do seu fundo?
Fizemos algumas alterações táticas no curto prazo. Passamos a deixar mais dinheiro em caixa, cerca de 16% do patrimônio está em ativos líquidos, de modo a podermos reagir com agilidade em caso de alterações abruptas no cenário.

E o que pode mudar no longo prazo?
Esperamos que haja algumas alterações drásticas na economia europeia depois que esse conflito terminar. Por exemplo, no setor de energia. Os países da Europa vão precisar buscar alternativas para o fornecimento de energia. E isso tem feito com que até alguns ambientalistas venham revendo suas restrições à energia atômica, de modo a se atingir as metas de zerar a pegada de carbono.

NOTAS
Pátria levanta US$ 200 milhões com Spac

O Pátria Investimentos levantou US$ 200 milhões com o lançamento de sua Special Purpose Acquisition Company (Spac) na bolsa Nasdaq, em Nova York. A empresa foi especialmente criada para fazer investimentos na América Latina. Em sua oferta pública inicial, a nova Spac teve preço de US$ 10 para cada uma das 20 milhões de Units. Cada unidade dessas consiste em uma ação ordinária Classe A e a metade de um “warrant” resgatável.

Fundos relacionados à energia disparam

O momento está favorável aos investimentos em fundos voltados para energia. Opções como o Trígono Power Yield valorizaram 25,3% em 12 meses, superando o Ibov de 0,8% e mais de quatro vezes o CDI de 5,9% no período, e 4,3% do IEE, o índice de referência. O cenário aponta preferência dos investidores por empresas associadas à energia limpa, pois governos de todo o mundo estão na corrida para evitar a dependência de energia de origem fóssil e buscam alternativas mais limpas.

Emissões crescem 68% em fevereiro

As operações no mercado de capitais cresceram 68% em fevereiro ante o mês anterior, movimentando R$ 39,6 bilhões, segundo relatório da Anbima. Comparado a igual período de 2021 o valor representa alta de 26,8%. Esse aumento de captações foi estimulado pelo aquecimento das ofertas subsequentes de ações (follow-ons) e pelo rápido avanço das notas comerciais, que começaram a ser emitidas em novembro, quando tiveram a emissão desburocratizada.

EM ALTA
22,3% 

Foi o crescimento do volume financeiro administrado pelos gestores de patrimônio em 2021 ante o ano anterior, alcançando R$ 321,6 bilhões. Os dados são da Anbima. Segundo a entidade, os ativos de renda fixa ganharam espaço na composição das carteiras dos investidores, avançando de 37,6% para 40,2% no ano passado. A participação dos fundos estruturados, representados por Fundos de Investimento em Participações e pelo Imobiliários, cresceram de 8,3% para 10%. A renda variável perdeu espaço: caiu de 27,3% para 22,8%, na mesma comparação.

EM BAIXA
0,1% 

Foi a retração no volume de serviços no Brasil em janeiro de 2022 frente a dezembro, na série com ajuste sazonal, de acordo com IBGE. Apesar do tropeço, o setor não perdeu os ganhos que havia acumulado nos dois últimos meses de 2021, de 4,7%. Com isso, está 7% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e permanece no maior patamar desde agosto de 2015. Na série sem ajuste sazonal, no confronto com janeiro de 2021, o volume de serviços registrou a 11ª taxa positiva consecutiva. O indicador acumula alta de 12,2% em 12 meses.