O Irã garantiu, nesta segunda-feira (23), que o assassinato de um oficial da Guarda Revolucionária, o exército ideológico do país, será “vingado”, um dia após a morte a tiros do militar em Teerã em um ataque sem precedentes desde novembro de 2020.

O coronel Sayyad Khodai foi morto a tiros no domingo por dois motoristas no leste de Teerã, segundo fontes oficiais.

“Não tenho dúvidas de que o sangue deste mártir será vingado”, disse o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, à televisão estatal antes de viajar para Omã para se encontrar com o sultão Haitham bin Tariq.

O funeral que estava marcado para hoje foi adiado e será realizado na terça-feira às 8h00 (00h30 no horário de Brasília) na Praça Imam Hussein, no centro de Teerã, anunciou a Guarda Revolucionária em comunicado.

O militar é a figura mais importante cujo assassinato é anunciado por Teerã desde a morte do físico nuclear Mohsen Fakhrizadeh em novembro de 2020, em um ataque atribuído a Israel.

A Guarda Revolucionária chamou Khodai de “defensor do santuário” e denunciou a morte como um “ato terrorista”.

O termo “defensor do santuário” designa qualquer pessoa que trabalhe em nome da República Islâmica na Síria e no Iraque, países que abrigam locais de culto xiita.

“Não há dúvida de que a mão da arrogância mundial pode ser vista por trás desse crime”, acrescentou Raisi, em uma expressão que faz alusão aos Estados Unidos e seus aliados.

Raisi indicou que aqueles que perderam o campo de batalha “diante dos defensores do santuário expressam seu desespero dessa maneira”.

O coronel foi atingido por cinco tiros na tarde de domingo, quando voltava para casa, segundo a agência oficial Irna, que publicou fotos do homem coberto de sangue no banco do motorista de um veículo com vidros quebrados.

A agência Tasnim, por sua vez, indicou que a esposa de Khodai foi a primeira pessoa a descobrir o corpo.

O coronel Khodai é a figura mais importante a ser morta em solo iraniano desde que Fakhrizadeh foi assassinado em novembro de 2020 perto da capital.

O cientista nuclear foi apresentado como vice-ministro da Defesa e diretor da Organização de Pesquisa e Inovação em Defesa (Sepand), que contribuiu para a “defesa antiatômica” do país.

A morte de Khodai acontece em um momento em que o Irã negocia há mais de um ano com as potências mundiais para reviver o acordo internacional de 2015 para limitar seu programa nuclear, depois da retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018 do pacto.

As negociações estão paralisadas há dois meses.

Um dos obstáculos ao acordo é a exigência do Irã de que os Estados Unidos retirem a Guarda Revolucionária da lista americana de “organizações terroristas estrangeiras”.