O Irã voltou a denunciar nesta quarta-feira na ONU o “terrorismo econômico” dos Estados Unidos, que estabeleceram sanções contra Teerã para “alcançar objetivos políticos ilegítimos”.

“Nosso povo sofre a forma mais drástica de terrorismo econômico – o ataque deliberado a civis inocentes por fins políticos ilegítimos”, afirmou Mohammad Javad Zarif, ministro das Relações Exteriores do Irã, em uma conferência sobre desenvolvimento sustentável.

As sanções “ilegais” criaram “enormes obstáculos” para a República Islâmica e “representam a maior ameaça para que o Irã e muitos dos nossos vizinhos alcancem os objetivos de desenvolvimento sustentável”, acrescentou.

Em maio de 2018, os Estados Unidos abandonaram o acordo internacional destinado a deter o programa nuclear do Irã, e voltaram a aplicar duras sanções contra a República Islâmica, a quem acusa de desestabilizar a região e de querer produzir uma bomba atômica.

Em resposta, o Irã deixou de cumprir algumas cláusulas do acordo.

A tensão tem crescido desde então. Os Estados Unidos suspenderam um ataque aéreo contra o Irã na última hora, após Teerã derrubar um drone americano, e culpam a República Islâmica por uma série de ataques a navios petroleiros.

Após ameaçar proibir a entrada de Zarif nos EUA, Washington finalmente concedeu um visto ao chanceler que restringe seus movimentos durante sua visita à ONU, um gesto que a organização criticou.

O ministro não pode circular além de um raio de seis quadras em torno da missão iraniana na ONU, no centro de Manhattan.

“Não é um gesto amigável, pois torna as condições de vida dos membros da missão e de seus parentes desumanas”, disse Zarif nesta quarta-feira. “Eu não me importo porque eu não tenho que me mover além desses lugares”.

O embaixador adjunto da Rússia ante a ONU, Dmitry Polyanskiy, disse a repórteres que os membros do Conselho de Segurança discutiriam suas preocupações sobre o tratamento dado pelos Estados Unidos a Zarif.

Diplomatas disseram que os representantes dos três países europeus signatários do acordo nuclear (Grã-Bretanha, França e Alemanha) buscam realizar uma reunião com Zarif, mas ainda não receberam resposta.

O chanceler, considerado uma voz moderada entre os radicais do regime, é “tão responsável” pelas ações do Irã como o líder supremo Ali Khamenei, afirmou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.

“Afinal, é o aiatolá (Khamenei) que toma 100% das decisões”, disse Pompeo em um programa de rádio conservador, acrescentando que “não há dois lados” dentro do regime iraniano.