O Irã confirmou, nesta terça-feira (11), que realizou um recente teste de míssil, sem demonstrar qualquer intenção de renunciar às suas atividades balísticas condenadas pelo Ocidente.

Segundo a agência de notícias Fars, a Guarda Revolucionária confirmou o teste.

“Nós continuamos com os testes de mísseis e este recente foi um teste significativo”, afirmou o general de brigada Amirali Hajizadeh, comandante da força aeroespacial da Guarda Revolucionária, a tropa de elite das Forças Armadas da República Islâmica do Irã.

“A reação americana mostra que o teste era muito importante para eles e que os fez chorar”, completou a agência Fars, antes de citar um oficial que recordou que o Irã realiza a cada ano entre 40 e 50 testes de mísseis.

A agência iraniana não informou a data do teste nem o tipo de míssil, mas cita o general Hajizadeh, afirmando que a reação dos Estados Unidos mostra que estão “sob a pressão” do Irã.

No início do mês, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, denunciou um novo teste iraniano com um “míssil balístico de médio alcance capaz de transportar várias ogivas e de atacar alguma regiões europeias e todo Oriente Médio”.

Depois de condenarem o teste, França e Reino Unido pediram uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o programa balístico iraniano.

Durante a reunião, no dia 4 de dezembro, o governo dos Estados Unidos não conseguiu obter uma “condenação unânime” do teste como uma “violação” dos compromissos internacionais do Irã.

Washington considera que os testes de mísseis balísticos de Teerã violam a resolução 2231 do Conselho de Segurança, também incluída no acordo nuclear de 2015 que o governo dos Estados Unidos abandonou unilateralmente em maio.

Paris e Londres não consideram uma violação, já que estes não se “adequam” aos princípios da resolução 2231, mas sim o qualificam como uma “provocação”.

A questão dos testes de mísseis da República Islâmica envenenam as relações entre o Irã e os Ocidentais há anos.

Nos termos da resolução 2231, “o Irã se comprometeu a não realizar atividades ligadas aos mísseis balísticos concebidos para transportar ogivas nucleares, incluindo tiros usando tecnologia de mísseis balísticos”.

– “Mal-entendido” –

Teerã, que garante não ter nenhuma intenção de desenvolver armas nucleares, repete incansavelmente que seus projetos e produção de mísseis são para fins de “dissuasão” e que seu “programa defensivo não pode ser parado”, segundo palavas do Ministério das Relações Exteriores.

De acordo com um diplomata ocidental, há “desde o início um mal-entendido assumido pelos dois lados”, entre ocidentais e iranianos, sobre a questão dos mísseis.

Os ocidentais temem a “ameaça” que o Irã representaria para o Oriente Médio por causa de sua influência que consideram “desestabilizadora” em alguns conflitos, como Síria e Iraque, onde os interesses da República Islâmica e os seus são antagônicos.

Para o Irã, que denuncia com frequência os “complôs” do Ocidente no Oriente Médio e na periferia, as preocupações ocidentais são infundadas, porque Teerã não deseja agredir ninguém e apenas busca “viver em paz e segurança com o mundo”, como disse o presidente Hassan Rohani.

Após a saída dos Estados Unidos do acordo de Viena, os mísseis iranianos estão mais do que nunca na mira de Washington, que prometeu uma campanha de “pressão máxima” contra a República Islâmica.

Já Londres e Paris dizem que estão lutando para permitir que o acordo de 2015 sobreviva à retirada dos Estados Unidos, que, desde então, reintroduziram as sanções econômicas contra o Irã.