Por Francois Murphy

VIENA (Reuters) – O Irã começou a produzir urânio enriquecido com centrífugas avançadas mais eficientes em sua usina de Fordow, construída no interior de uma montanha, disse a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) nesta quarta-feira, o que afeta ainda mais o acordo nuclear iraniano de 2015 em meio a conversas com o Ocidente para ressuscitá-lo.

Conversas indiretas entre o Irã e os Estados Unidos para induzir ambos a voltarem a cumprir plenamente o pacto foram retomadas na semana passada após um intervalo de cinco meses, provocado pela eleição do presidente linha-dura Ebrahim Raisi no Irã.

Negociadores ocidentais temem que o Irã esteja criando fatos consumados para obter vantagens nas conversas.

No terceiro dia desta rodada de negociações, a AIEA disse que o Irã iniciou o processo de enriquecer urânio a mais de 20% de pureza com uma cascata de 166 centrífugas avançadas IR-6 em Fordow. Estas máquinas são muito mais eficientes do que as da primeira geração IR-1.

O avanço sublinha a fragilidade do pacto firmado entre Irã e potências, que não permite que a República Islâmica enriqueça nenhum urânio em Fordow. Até agora, o país vinha produzindo urânio enriquecido ali com as máquinas IR-1 e enriqueceu com algumas IR-6s sem ficar com o produto.

O Irã tem 94 centrífugas IR-6 instaladas em uma cascata de Fordow que ainda não está operando, disse a AIEA em um comunicado.

Um relatório mais abrangente da agência que circulou entre países-membros, ao qual a Reuters teve acesso, disse que, em resposta à manobra iraniana, a AIEA planeja aumentar as inspeções em Fordow, mas os detalhes ainda precisam ser acertados.

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