O iPod está deixando o mundo fashion para cair na vida real. O equipamento, que funciona como uma central de entretenimento portátil, está se transformando em um sofisticado instrumento de trabalho. Consultores estão utilizando a máquina para fazer apresentações, donos de agências de turismo para mostrar imagens dos destinos mais conhecidos do Brasil e do mundo e há ainda quem utilize o equipamento para gravações de reuniões de trabalho. Lançado pela Apple há quatro anos e após dez milhões de unidades vendidas em todo o mundo – 5,3 milhões só no primeiro trimestre desse ano -, o iPod agora está nessa nova dimensão. ?Não existem limites para esse aparelho?, afirma Guilherme Athia, diretor da BroadBrand, produtora de conteúdos digitais. ?Os arquivos que estão dentro do meu iPod são suficientes para o cliente fechar um contrato.?

Foi com a ajuda do equipamento que Athia convenceu a indústria química alemã Degussa a patrocinar um guia de férias para os visitantes de Campos do Jordão, no interior de São Paulo e onde acontece um dos Festivais de Inverno mais importantes do País. O arquivo em formato MP3 é dividido em doze capítulos que trazem opções de bares, restaurantes, hotéis na estrada e no centro e até programação para crianças. Athia, um apaixonado por tudo que envolve a marca Apple, aposta em um público qualificado. Durante o inverno, Campos do Jordão atrai a elite econômica de São Paulo e de cidades do interior de Minas Gerais. O município se transforma em um grande shopping center no qual as grandes marcas fazem promoções e lançam moda. ?Algo como o iPod não pode ficar de fora?, afirma Athia.

A invenção da Apple mudou também o modelo de negócio da agência de turismo NanyTur. Dono de um iPod que armazena milhares de fotos, o dono da empresa, Guilherme Leite, aposentou o laptop para as suas apresentações aos clientes. ?Agora, puxo o iPod do bolso, conecto a qualquer televisão e mostro os roteiros turísticos?, diz Leite. ?Ele causa uma ótima impressão e possibilita a personalização dos pacotes oferecidos.? Não diferente é o caso de Fernanda Calfat. Fotógrafa de moda para estilistas e revistas de prestígio como a Vogue, ela afirma que o material fotografado em desfiles ganha mais resolução e chega às mãos de seus clientes com qualidade muito superior à vista nos computadores.

No entretenimento – sua função inicial – o iPod também já começou a ganhar novas utilidades. O cenário das casas noturnas paulistanas, por exemplo, também já está cedendo aos encantos do “brinquedinho”. DJs profissionais e aspirantes exibem um repertório musical quase infinito e pouco se preocupam com o tempo de execução. “O recurso nos permite ter um estilo mais livre e não precisamos carregar os cases de vinil que pesam 20kg”, explica Gil Barbara, dj há 18 anos. Tendo em vista o sucesso e a crescente invasão do aparelho, a boate Vegas Club, em São Paulo, começou a promover uma noite especial: quem for dono de um iPod e quiser se aventurar a tocar, pode se inscrever e mostrar ao público o que sabe. “Em breve teremos um gongo. Quem não agradar será expulso do posto”, conta Facundo Guerra, dono da casa e idealizador do projeto. Essa experiência já é bem sucedida na Europa e Estados Unidos.

10 milhões de unidades do iPod já foram vendidas desde 2001

1.500 reais é o preço do equipamento no Brasil

558% foi o aumento nas vendas nos últimos doze meses