O alívio geral na cesta de produtos do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a taxa de inflação na capital paulista, fez o indicador fechar abril com uma queda da história. De acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a deflação de 0,03% foi a primeira para o mês desde o início da série que leva em conta o Plano Real, iniciada em 1994. “Todos grupos vieram com resultados mais baixos que o esperado, inclusive o IPC”, diz Moacir Mokem Yabiku, gerente técnico de pesquisa do IPC, que aguardava alta de 0,04% para o índice de abril.

Embora o resultado tenha ficado dentro do intervalo das expectativas, que ia de recuo de 0,05% a elevação de 0,04%, da pesquisa do Projeções Broadcast, ficou melhor que a mediana ligeiramente positiva de 0,01%. “Alimentação continuou com surpresa positiva, voltou a cair e foi um dos destaques, ajudando o IPC a ter deflação”, diz.

Em abril, o grupo de alimentos teve queda de 0,10% depois de subir 0,04% em março, contrariando a estimativa de retração de 0,01% da Fipe. Segundo Yabiku, a ampla oferta de itens alimentícios e a demanda fraca têm inibido aumentos de preços, possibilitando até mesmo quedas em alguns casos. Tanto que da lista das dez maiores influências de queda do IPC de abril, seis são alimentos.

Com retração de 4,57% em abril, o frango permitiu alívio de 0,05 ponto porcentual no IPC, ficando atrás somente dos gastos com viagem e excursão, que deram impacto negativo de 0,07 ponto porcentual, ao apresentar queda de 7,06% no mês. Além da carne de frango, o tomate ficou 5,67% mais barato; a laranja teve declínio de 5,78%; a batata cedeu 5,43%; o café em pó teve declínio de 2,62%; e a banana ficou 3,29% mais barata em abril, conforme a Fipe. “A boa oferta de alimentos continua. Além disso, a indústria não está conseguindo repassar alta de preços, pois a demanda está fraca, com o desemprego continuando elevado”, explica.

Os alimentos industrializados, que fecharam abril com queda de 0,29% depois do declínio de 0,50% em março, foram puxados principalmente pela retração de 0,51% dos derivados da carne. Já o recuo de 0,38% dos itens semielaborados em abril depois da variação negativa de 0,58% no terceiro mês do ano foi influenciada especialmente pela retração em carne bovina, de 1,13% no quarto mês, diz Yabiku.

O economista relembra que a queda em carnes reflete os problemas que começaram com a Operação Carne Fraca e que vêm se estendendo provocando embargos como o recente feito pela União Europeia. Além disso, cita, o abate de matrizes no ano passado quando os preços não estavam convidativos elevaram a oferta de leite no mercado naquele período. “Agora, está acontecendo o oposto. Os preços da carne estão caindo e os do leite começaram a subir”, afirma. Na capital paulista, o leite longa vida ficou em média 7,40% mais caro em abril.

Já os alimentos in natura continuaram subindo no quarto mês (0,54%), embora em menor magnitude em relação a março. Além da queda de 1,00% nos preços de frutas, houve retração de 1,76% em legumes. Em contrapartida, os preços de tubérculos (2,87%), com destaque para elevação de 21,52% da cebola, verduras (6,20%), puxadas pelo aumento de 5,99% da alface, além de ovos (0,30%) tiveram alta. Por fim, o segmento de Alimentação fora da Casa também apresentou taxa positiva, de 0,12%, porém, menos intensa que a de 0,19% em março.