Na última semana, o mercado financeiro internacional passou por um forte solavanco. As bolsas americanas e europeias recuaram em níveis recordes. O Dow Jones registrou sua maior queda em um único dia na quinta-feira (19), e o S&P mergulhou 20% até a sexta-feira (20). A liquidação generalizada em todas as classes de ativos deixou os traders desorientados. A preocupação com inflação global, com o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos e a desconfiança sobre o crescimento da China, com novos lockdowns, colocou tudo em suspenso. Foi como se uma sombra cobrisse todo o mercado de capitais, diante de uma possível desaceleração nas duas maiores economias globais, Estados Unidos e China.

No início desta semana, uma correção do mercado ajudou a trazer um pouco de alívio. Para o analista-chefe da Toro Investimentos, Lucas Carvalho, os próximos meses ainda devem reservar muitas emoções aos investidores. Se esse é o seu caso, prepare-se. “A inflação continua pressionando o mundo inteiro e nos Estados Unidos o Fed dá sinais de novos apertos monetários, o que vai enxugar ainda mais a liquidez dos mercados”, afirmou Carvalho.

Dólar sobe frente ao real com Fed e dados do PIB dos EUA em foco

Com a manutenção do cenário de incertezas, a volatilidade continua e será preciso manter a tranquilidade. “Os investidores precisam ter paciência, resiliência e, principalmente, o pensamento de longo prazo, sem desesperos”, disse Carvalho.

As correções do mercado, como vem ocorrendo, devem continuar. A inflação deve continuar pressionando o mundo inteiro, especialmente enquanto durar a guerra na Ucrânia. Os temores exagerados de que o Fed iria aumentar muito a taxa de juros acabaram não se confirmando. Os investidores, porém, devem acompanhar cada detalhe dessa situação. Como ocorreu na última semana, quando os anúncios dos resultados de grandes varejistas norte-americanas como da Target e do Walmart indicaram que o aumento de custos, especialmente dos combustíveis, e a demanda mais restrita do consumidor, já prejudicam os negócios. Os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos subiram por duas semanas seguidas. O que ajuda a arrefecer ainda mais a demanda.

Na Europa, os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) já indicaram que há um acordo para um aumento das taxas de juros em julho, o que acabou sendo confirmado de maneira inusitada pela presidente do BCE, Christine Lagarde. Ela surpreendeu o mercado ao dizer no blog da instituição que o banco poderia aumentar as taxas para conter a inflação na região, que superou 7%.

“Não há tendência definida. A oscilação vai continuar pelo menos até o dia 15 de junho, quando conheceremos a nova taxa de juros dos Estados Unidos e do Brasil.” Até lá, as próximas semanas serão de muitas emoções até se saber os rumos que vão nortear os negócios.