As startups que desenvolvem soluções com foco na produção agrícola captaram US$ 7,9 bilhões em 2020, um crescimento de 41% em relação ao ano anterior. É o que aponta o relatório 2021 Farm Tech Investment Report, produzido pelo fundo de venture capital AgFunder, pioneiro no setor. 

Os dados são animadores. Mostram uma aceleração e um amadurecimento do setor. Para efeito de comparação, o setor agrifoodtech (que inclui todo tipo de solução no campo, incluindo as novidades em alimentos e produtos para o consumidor final) cresceu 35% em 2020 em relação a 2019.

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As duas áreas que atraíram mais atenção foram biotecnologia e sistemas inovadores de cultivo (que incluem os modelos verticais, por exemplo). Cada uma recebeu cerca de US$ 1,5 bilhão. Outros destaques incluem os marketplaces do agro, os sensores de internet das coisas e as plataformas de comércio que facilitam o contato entre consumidores e produtores.

Mas o Brasil ainda está longe de ter protagonismo nessa lista. Os Estados Unidos aparecem de forma dominante em primeiro lugar, com US$ 4 bilhões. A surpresa é a França, em segundo lugar, com US$ 472 milhões, seguida pela China, com US$ 341 milhões. O Brasil aparece em uma distante 11ª posição, com meros US$ 67 milhões captados em 18 negociações. É um avanço em relação ao relatório de 2020, em que o país nem aparecia no Top 15, mas ainda representa menos de 1% dos recursos investidos.

Os dois setores mais interessantes para os investidores ainda são muito incipientes por aqui – ao menos entre as agtechs. Muitas das pesquisas em biotecnologia agrícola, por exemplo, são feitas pela Embrapa. E as startups que desenvolvem fazendas verticais têm feito um trabalho muito interessante, como a Pink Farms, mas ainda estão em estágios iniciais de maturidade.

A vocação do nosso ecossistema de inovação em agrifoodtech, por enquanto, está em outras áreas. É o caso das agfintechs, não contempladas neste relatório, que vem ganhando tração graças a soluções muito focadas nas dores do produtor brasileiro. Por isso, não atraem tanto o interesse de investidores estrangeiros, e os “deals” são menores.

A situação, no entanto, pode mudar. Uma das projeções feitas pelo AgFunder aponta que soluções voltadas para a agricultura de baixo carbono devem ganhar destaque em 2021. O Brasil tem potencial nesse setor. Os R$ 5 bilhões do Plano Safra dedicados ao orçamento do Programa de Agricultura de Baixo Carbono mostram o aumento de sua relevância dentro da agenda do agro brasileiro.