Em mais uma tentativa de controlar a escalada inflacionária, o Banco Central (BC) aumentou novamente a Selic, taxa básica de juros. O Comitê de Política Econômica (Copom) do BC elevou a taxa em 1,50 ponto percentual nesta quarta-feira (8). O ajuste foi o mesmo que ocorreu na última reunião do Copom. Com isso, a taxa básica de juros chegou a 9,25%.

Desde agosto do ano passado, a taxa básica de juros estava em 2% ao ano, menor patamar histórico. O objetivo era estimular o crescimento econômico diante da crise financeira gerada pela pandemia da Covid-19. No entanto, os aumentos seguidos dos preços colocou a autoridade monetária em alerta.

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O último Boletim Focus divulgado na segunda-feira (5) também apontou que a taxa de juros deve ser elevada em 1,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom e encerrar o ano a 9,25%. Segundo o boletim, a Selic deve ainda chegar a 11,25% no final de 2022.

Para João Beck, economista e sócio da BRA, escritório credenciado da XP Investimentos, o Banco Central deve terminar o ciclo de alta em torno de 11% e ainda devem ocorrer pelo menos próximas três altas consecutivas nas reuniões do COPOM. Mas é fato que o mercado de DI futuro cedeu bastante em novembro.

“A expectativa da taxa Selic deu uma trégua no mês após tantos meses de altas. Com esse alívio de pressão altista, podemos ver uma recuperação nos títulos prefixados e indexados à inflação. Outro ponto que chama a atenção são os níveis depreciados da bolsa brasileira mesmo já considerando o impacto na atividade pelo reflexo no PIB das altas anteriores da taxa Selic”, diz.

Segundo Rafael Vianna, Head da mesa de alocação private e sócio da BRA, vale o investidor ficar de olho na renda fixa, que apresenta ativos de pouco risco com alta remuneração.

“Para o investidor, é uma oportunidade de não se expor ao risco em um momento bastante volátil do mercado, conseguindo remunerar bem seus recursos. Com a expectativa de aumento na Selic já precificada na curva de juros longa, os ativos de renda fixa prefixados de médio e longo prazo têm apresentado bastante atratividade para o investidor”, afirma.

De acordo com Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, com a possível elevação da Selic em 1,5%, se o investidor conseguir aplicar em investimentos em que for esperar o vencimento, terá ganhos vantajosos. Quanto maior o prazo, maior também a taxa de remuneração. “Já se o cliente quiser investir em um prazo de no máximo um ano, vale buscar opções em que não há incidência de imposto de renda, como LCIs e LCAs de até 12 meses”, diz.

Para prazos mais longos em que o investidor pode esperar o vencimento, vale ficar de olho em investimentos atrelados à inflação. “Por outro lado, há também a opção dos prefixados, mas o risco é as taxas subirem mais e quem comprou antes ficar com a sensação de que perdeu dinheiro. Se o investidor estiver com esse medo, o melhor é ajustar não a taxa, mas sim o prazo optando por um prefixado mais curto, por exemplo”, afirma.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto, também aposta em 1,5 de alta, com a Selic no fim de 2021 em 9,25%. Para o ano que vem ele prevê uma alta de 1,5 e depois 1,0. Estabilizando em 11,75% no ano que vem.

INVESTIMENTOS

De acordo com levantamento realizado pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), a tradicional caderneta de poupança deve se tornar mais atrativa com o aumento na taxa básica de juros, na comparação com os fundos de renda fixa.

“Frente às elevações continuadas da taxa básica de juros (Selic) que deve ser elevada para 9,25% ao ano, os fundos de renda fixa perdem competitividade frente às cadernetas de poupança principalmente nas aplicações de baixo valor aonde os fundos de investimento cobram taxas de administração mais elevadas”, diz a entidade em comunicado divulgado à imprensa.

Conforme o estudo, a caderneta de poupança vai continuar sendo uma excelente opção de investimento, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano.

A caderneta de poupança tem seu ganho garantido por lei (TR + 6,17% ao ano) e não sofre qualquer tributação diferentemente dos fundos de renda fixa que possuem tributação do Imposto de Renda sobre seus rendimentos, além de ter a cobrança da taxa de administração cobrada pelos bancos.

Com a Selic ultrapassando o percentual de 8,50% ao ano, o rendimento da poupança antiga e da poupança nova passaram a ter a partir de agora o mesmo rendimento de TR + 6,17% ao ano.

A Selic indo a 9,25% ao ano, as contas da poupança terão um rendimento mensal de 0,55% ao mês correspondente a um rendimento de 6,17% ao ano + TR. Neste cenário, os fundos de investimentos vão ter um rendimento superior à caderneta quando suas taxas de administração forem inferiores a 1% ao ano e terão um rendimento inferior às cadernetas de poupança quando sua taxa de administração forem superiores a 1% ao ano, segundo a entidade.