A temporada de balanços dos números do quarto trimestre de 2022 começou em 26 de janeiro e seguirá até 31 de março de 2023. Esse período pode ser revelador para o investidor, visto a possibilidade de ver o desempenho anual consolidado de cada empresa. Uma boa chance de encontrar oportunidades no radar. DINHEIRO conversou com analistas de mercado para saber quais as melhores oportunidades dos quatro setores com maior peso no Ibovespa (petróleo & gás, financeiro, elétrico e mineração & siderurgia).

Por consenso, o setor de petróleo & gás deve apresentar os resultados mais robustos. Para o analista sênior de Renda Variável do BTG Pactual Bruno Lima, o quarto trimestre “deve ser bom para as empresas petrolíferas, principalmente olhando o preço da commodity”. O preço dos contratos futuros do petróleo Brent, com vencimento para abril de 2023, ficou acima de US$ 90 por barril por mais da metade do quarto trimestre, o que foi positivo e deve dar impulso nos números apresentados.

Dentro do setor, a 3R Petroleum é apontada como destaque. Segundo o analista-chefe da Empiricus Research, João Piccioni, o início de produção do campo de Papa Terra é um grande diferencial. “Os números ainda não devem se mostrar extremamente positivos, mas esperamos um posicionamento favorável em relação às iniciativas recentes da empresa”, afirmou. O preço-alvo para a 3R Petroleum vai de R$ 58 até R$ 60, o que implica em alta de 28,09% e 32,5% na comparação com o fechamento de segunda-feira (30). O risco da empresa é o preço do petróleo ficar abaixo de US$ 80 por barril, o que traria impacto para as ações.

Divulgação

“Preço do minério de ferro em US$ 120 abre espaço para a Vale pagar novos dividendos” Bruno Lima analista sênior de renda variável do BTG Pactual.

FINANCEIRO Os especialistas dizem que o setor financeiro deve apresentar os piores números. De acordo com o estrategista-chefe da Terra Investimentos, Régis Chinchila, e o analista Luís Novaes, a alta da inadimplência entre as classes mais baixas deve pesar, e o caso Americanas só piora a situação — os maiores credores da varejista são as instituições financeiras. “Os níveis de inadimplência das grandes empresas estiveram nos mínimos históricos e a forma repentina como o ocorrido se deu pode ter resultado significativamente negativo sobre as provisões”, afirmaram.

Por isso, o ativo escolhido pelos analistas é o Banco Brasil. De acordo com Chinchila e Novaes, o fato de o banco estar mais concentrado em crédito consignado deve aliviar a situação da empresa. “Os últimos resultados foram positivos e sua exposição menor aos riscos de inadimplência deve ajudar”, disseram. A instituição tem preço-alvo de R$ 53 por ação e potencial crescimento de 29,9% até o final de 2023. Mas há um senão: por estar associada a decisões de governo, a ação do banco público apresenta mais riscos.

ELÉTRICAS Segundo Novaes, da Terra, no segmento de energia elétrica as empresas devem continuar defensivas devido à estabilidade econômica. “A demanda e a oferta se mantiveram nos últimos meses, o que deve mostrar uma estabilidade nos números das companhias elétricas”, disse. No setor, a ação da Eletrobras é eleita como a mais interessante pelos analistas. As expectativas do BTG sobre a empresa levam em conta a privatização. “Projetamos redução de 60% nas despesas em três anos a partir de 2023”, disse Bruno Lima. “Além disso, o fim do regime de cotas permitirá à Eletrobras comercializar energia a preço de mercado.” A Terra vai na mesma linha do BTG sobre a companhia. A corretora tem preço-alvo estipulado de R$ 63,50 por ação, alta de 56% sobre a última segunda-feira de janeiro.

MINERAÇÃO Por fim, o segmento mineração & siderurgia deve apresentar números mornos. De acordo com o analista-chefe da Empiricus Research, João Piccioni, as dificuldades do trimestre tendem a ficar expostas. “A reabertura da China não tinha avançado substancialmente até então, o que indica números apáticos”, disse.

O setor, no entanto, deve pagar mais dividendos, principalmente por causa da Vale. Na visão de Bruno Lima, do BTG, a cotação do minério de ferro no mercado internacional deve fazer a empresa pagar ótimos proventos. “O preço do minério de ferro em US$ 120 abre espaço para a Vale pagar mais dividendos”, afirmou Lima. Ainda assim, eventual queda do minério de ferro pode fazer o ativo sofrer. “Se ficar muito abaixo do patamar atual, as perspectivas devem mudar”, afirmou. O preço-alvo de Vale vai de R$ 99 até R$ 102, alta respectivamente de 4,3% e 7,39%.