O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou nesta terça-feira, 19, durante evento em Brasília, que, “depois de longo e tenebroso inverno, o investimento começa a dar sinais de recuperação”. “Desde o terceiro trimestre de 2013, o investimento não apresentava crescimento”, pontuou, em referência aos dados mais recentes do PIB (Produto Interno Bruto), que indicaram avanço do investimento após longo período de retração.

Dyogo apresentou um gráfico mostrando que o investimento das empresas estava “no fundo o poço” em 2015 e, a partir dali, “começou a ter um pouco de recuperação”. “O investimento projetado é o que se recupera mais”, disse.

Para 2018, o ministro afirmou que a renda disponível – fruto dos ajustes feitos pelo governo e pela queda da inflação – indica que o consumo seguirá com crescimento. “O principal drive da economia é a redução dos juros e dos custos, a recuperação da saúde financeira, o fim do processo de desalavancagem”, citou Dyogo. “Isso vai colocar famílias e empresas em condições de consumir e investir.”

Dyogo disse ainda que o governo foi bastante conservador em revisar, apenas agora, o crescimento projetado para 2018, para 3%. “Crescimento na casa de 3%, inflação controlada, recuperação do mercado de trabalho, continuidade da redução dos custos financeiros – isso acontecerá ao longo de 2018”, afirmou.

“Carry over”

O ministro do Planejamento afirmou que o “carry over” (carregamento) da economia para 2018 está em 1%. Ele destacou ainda o crescimento de 0,6% da economia em 2017 até agora.

Em sua apresentação, Dyogo apresentou uma série de avanços observados na economia neste ano. Entre eles, a criação de postos de trabalho e o cenário benigno para a inflação – que, segundo ele, permite que o BC continue trabalhando de forma “diligente e conservadora”.

Sobre o mercado de trabalho, porém, Dyogo afirmou que a criação de 2,3 milhões de vagas, em termos de composição, ainda deixa a desejar. Isso porque os novos postos não são, em sua maioria, devido a vagas com carteira assinada. “Este é o início do processo de recuperação”, disse Dyogo. “O mercado de trabalho tem espaço para crescer.”

Ele citou ainda a queda do risco País, de quase 500 pontos para cerca de 170 pontos, um nível “semelhante ao da fase de grau de investimento”.

Previdência

O ministro do Planejamento fez uma forte defesa da reforma da Previdência e indicou que o resultado da aprovação ou não do projeto representará a escolha entre um crescimento econômico “mediano ou brilhante”. “A decisão entre ter crescimento mediano ou antecipar desempenho brilhante depende das reformas”, disse, ao citar que o aumento da desconfiança externa poderia roubar até 2,2 pontos porcentuais do crescimento da economia.

No evento “Correio Debate 2018” organizado pelo jornal Correio Braziliense, ele avaliou que o crescimento da economia brasileira em 2018 está “basicamente definido”. Por isso, defende que, se o Congresso Nacional aprovar a reforma da Previdência, haverá “adicional” no ritmo de crescimento da economia.

Risco país

Sem a reforma, diz o ministro, o primeiro indicador a sofrer seria o risco país medido pelo Credit Default Swap (CDS) – contrato financeiro que funciona como um seguro contra o calote. Dyogo exibiu projeções que indica que a elevação do CDS para o patamar de 300 pontos tiraria cerca de 1,3 ponto porcentual do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018. Por brasileiro, o impacto no PIB per capita seria em torno de R$ 2,7 mil.

Já se o risco for ainda maior e o contrato de CDS alcançar 500 pontos – como já ocorreu no passado, a desconfiança com o Brasil roubaria 2,2 pontos do crescimento do próximo ano. Atualmente, o CDS de 5 anos está 161 pontos, de acordo com dados da consultoria Markit disponíveis no terminal Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O risco relacionado à tramitação da reforma, notou o ministro, já começou a afetar o patamar do CDS. “O risco é que o quadro de credibilidade possa se reverter de forma muito rápida”, disse, ao citar que a recente dúvida com o “compasso de espera” sobre a reforma já começa a afetar o indicador.

Dívida bruta

Para reforçar a defesa da reforma, o ministro notou que, com a aprovação da nova Previdência, o patamar da dívida bruta estacionaria em torno de 80% do PIB. Sem a reforma, a trajetória continuaria em firme tendência de alta rumo ao 90% do PIB em pouco tempo.

Antes dessa dúvida, notou o ministro, os indicadores como juros e o próprio CDS registraram firme trajetória de melhora nos últimos meses. Isso, segundo o ministro, foi uma espécie de “prêmio” do investidor dado ao Brasil pelo compromisso com a agenda fiscal. “A credibilidade maior é resultado de todas as ações que temos tomado”, disse. “Temos de continuar avançando para sancionar essas expectativas positivas sobre o Brasil”.

O ministro lembrou que o processo da reforma não é radical. “Não é um processo radical que acaba com o déficit da Previdência de um ano para o outro. Pelo contrário, é um processo gradual e respeita os direitos adquiridos”, disse.