A inflação brasileira aumentou 0,96% em julho, 0,43 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de 0,53% registrada em junho, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Trata-se da maior variação para um mês de julho desde 2002, quando o índice foi de 1,19%. No ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 4,76% e, nos últimos 12 meses, de 8,99%.

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Com essa elevação, vem a pergunta para os investidores: será que vale a pena investir em títulos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA?

A resposta, segundo especialistas, é que vai depender do perfil do investidor, do prazo escolhido e das oscilações possíveis do mercado.

Conheça mais sobre esse investimento abaixo:

O que é o Tesouro IPCA?

O Tesouro IPCA é um título de dívida do governo federal e um dos tipos disponíveis no Tesouro Direto, que são indexados à inflação. Os papeis tem vencimentos em diferentes anos.

“Ele vai pagar a inflação do período, observando qual o prazo o investidor vai escolher, mais um percentual pré-fixado, o equivalente ao juro real, se mantiver o investimento até o prazo final de vencimento”, explica Camilla Dolle, analista de renda fixa da XP.

Rende quanto? 

A rentabilidade varia dependendo do título e a inflação do período, mais um percentual pré-fixado. “Esse percentual pré-fixado vai variar todos os dias, por conta de influências do mercado”, diz Dolle.

Nesta quarta-feira (11), por exemplo, a analista da XP afirma essa taxa varia de IPCA +4,22% até um IPCA + 4,47%, para os investimentos sem juros semestrais. Existe também uma opção com juros semestrais, vencendo em 2055, que paga 4,68%.

Curto prazo ou longo prazo? Qual seria melhor investir? 

“É um tipo de investimento que é bom para prazos mais longos, principalmente, justamente por proteger do efeito da inflação que a gente desconhece”, afirma Dolle.

No entanto, para o economista Daniel Alberini, e diretor de fundos da CTM Investimentos, investir em um vencimento mais longo pode ser “perigoso”.

“Se a gente tiver uma mudança na política fiscal ou na economia, deixando com que o mercado fique desconfortável ou algo nesse sentido, a taxa de juros vai acabar subindo e vai pressionar os preços desses títulos fazendo com que os novos investidores pensem assim: olha, lá em 2050, o IPCA vai ser tão grande que talvez o governo não me pague”.

E completa. “O investidor hoje que quer receber algum tipo de proteção de IPCA, ele tem que comprar os títulos da curva intermediária, ou seja, 2023, 2024 e 2025 (vencimentos). Acima de 2025, começamos a ter o risco oficial de curva de juros do Brasil, taxa Selic, orçamento federal e questões derivadas desse ambiente”.

Há outros títulos atrelados à inflação viáveis? Quais?

Existem outros títulos atrelados à inflação, na renda fixa, como ativos bancários, por exemplo. “LCIs ou LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio) são isentas (de imposto de renda) e ativos de crédito privado, que são aqueles emitidos por empresas, como as debêntures incentivadas, que também são papeis que não têm cobrança de imposto de renda, mas nesse caso o risco é maior porque não têm a cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito)”, explica Dolle.

Alberini também destaca os fundos imobiliários, assim como os fundos de participações: “eem fundos de participação, por exemplo, de energia solar e transmissão de energia, além de galpões logísticos e lajes comerciais”.

E explica: “no imobiliário, hoje, tem a insegurança, por conta da vacância. Não quer dizer que eu consigo passar esse IPCA para o meu inquilino e eu posso ficar com o imóvel vago. Mas no caso de linhas de transmissão e usinas solares, são os melhores lugares para capturar esse incremento do IPCA futuro porque os contratos já são contemplados com reajustes no IPCA. Caso o investidor queira se proteger ele precisa comprar esse tipo de fundo”.