O WhatsApp sempre se afirmou como um serviço de mensagens que privilegiava a privacidade dos usuarios, mas uma investigação do ProPublica mostra que a Facebook (que adquiriu a WhatsApp em 2014) tem mais de mil pessoas contratadas a examinar milhões de pedaços de conteúdos dos usuarios. Estes funcionários estão espalhados por Austin, Dublin e Singapura, eles leem e fazem moderação das mensagens privadas.

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Em declarações ao Business Insider, os representantes da Facebook explicam que os usuários do WhatsApp podem reportar abusos e que são essas queixas que são analisadas pelos moderadores. Contudo, nestes casos, os funcionários têm acesso a um conjunto mais alargado de mensagens recentes enviadas pelos usuarios ou grupos.

A Facebook defende ainda que continua a não ter a capacidade de ouvir chamadas pessoais ou ler mensagens através do WhatsApp devido à criptografia ponta-a-ponta utilizada pelo serviço (a encriptação é feita antes do envio e só pode ser descriptografado quando recebida pelo destinatário).

A investigação do ProPublica revela que, nos casos de denúncia de abusos ou spam, versões desencriptografadas são enviadas para os moderadores. Citado pelo Business Insider, um representante oficial da Facebook defende que “esta funcionalidade é importante para prevenir o pior abuso na Internet. Discordamos fortemente da noção de que aceitar denúncias que um usuário escolhe nos enviar é incompatível com criptografia ponta-a-ponta”.

Em nota, o Whatsapp reitera que não há quebra da criptografia de ponta a ponta e “enfatiza este ponto de forma tão consistente que um aviso com uma garantia semelhante aparece automaticamente na tela antes que os usuários enviem mensagens: “(A mensagens e as chamadas são protegidas com a criptografia de ponta a ponta e) ficam somente entre você e os participantes dessa conversa. Nem mesmo o WhatsApp pode ler ou ouvi-las.”

A nota ainda diz que os trabalhadores têm acesso apenas a um subconjunto de mensagens de WhatsApp — aquelas sinalizadas pelos usuários e automaticamente encaminhadas à empresa como possivelmente abusivas. A revisão é um elemento de uma operação de monitoramento mais ampla na qual a empresa também revisa material que não é criptografado, incluindo dados sobre o remetente e sua conta.”