Investidores internacionais pediram ao Brasil resultados na luta contra o desmatamento na Amazônia, antes de discutirem uma enventual participação em projetos de proteção ambiental no país, informou o vice-presidente Hamilton Mourão, após uma reunião virtual com representantes de grandes fundos.

“Em nenhum momento os investidores se comprometeram com investimento, eles querem ver resultados. Resultados que querem ver é redução do desmatamento”, assinalou Mourão, responsável pelo Conselho Nacional da Amazônia, durante entrevista coletiva em Brasília.

No fim de junho, fundos de investimento da Europa, Ásia e América do Sul que administram coletivamente cerca de 4 trilhões de dólares em ativos pediram em carta aberta ao governo de Jair Bolsonaro que interrompa projetos que ameaçam acelerar a destruição da maior floresta tropical do planeta. Esta semana, cerca de 40 empresários brasileiros e estrangeiros expressaram a Mourão sua preocupação com o impacto na imagem do Brasil causado pela política ambiental do país.

Na entrevista coletiva, Mourão citou a retomada das conversas com Noruega e Alemanha para reativar o Fundo Amazônia, bloqueado devido a divergências. Bolsonaro, cético em relação às mudanças climáticas, promove projetos de abertura das reservas indígenas e áreas protegidas a atividades de agropecuária e mineração.

Mourão, que participou da reunião com os ministros de Relações Exteriores, Meio Ambiente e Agricultura e o presidente do Banco Central, disse que o governo “está sujeito a críticas”, mas classificou as mesmas de injustas. “Não é verdade que estamos destruindo a floresta para produzir alimentos”, afirmou, negando, ao mesmo tempo, uma desarticulação da estrutura de proteção ambiental do Estado.

O desmatamento na Amazônia brasileira registrou o pior mês de maio desde o início das medições, em 2015. Dados oficiais mostram que foram desmatados este ano quase 3.000 km² de floresta tropical, um aumento de mais de 20% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os ministros presentes na reunião anunciaram que o governo publicará na semana que vem um decreto proibindo o uso do fogo na agricultura e floresta por 120 dias.

“A proteção e preservação não se darão sem desenvolvimento, são aspectos que devem caminhar juntos”, assinalou Mourão. “É importante que tenhamos consciência da disputa geopolítica que existe no mundo de hoje. O Brasil tem um potencial extraordinário (…) Não resta a mínima dúvida de que seremos, dentro em breve, a maior potência agrícola do mundo.”