Por Tatiana Bautzer

SÃO PAULO (Reuters) – Os investidores estão reduzindo os valores atribuídos a startups latino-americanas em meio à instabilidade global nas bolsas de valores e alta de taxas de juros, disse o fundador e presidente-executivo da Creditas, Sergio Furio.

“Startups que levantaram dinheiro no ponto máximo da euforia, digamos em julho do ano passado, terão que aceitar uma redução no ‘valuation’ se precisarem levantar mais dinheiro agora”, disse Furio. Os múltiplos utilizados para calcular o valor das empresas caíram, acompanhando os mercados públicos. As ações do Nubank, maior fintech da região, acumulam uma perda de 60,6% neste ano.

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Para evitar essa redução, várias startups estão procurando preservar caixa e revisando planos de negócio. A Creditas fez sua última rodada de financiamento em janeiro, levantando 260 milhões de dólares e atingindo um valor de 4,8 bilhões de dólares. A Creditas não precisa levantar capital este ano, disse Furio, numa entrevista antes de encontrar com investidores em Nova York.

A empresa espera um crescimento do crédito um pouco menor este ano, já que o risco de inadimplência está maior com a alta da inflação e redução da renda disponível. A Creditas também deve apresentar a investidores o progresso na produção de motos elétricas pela Voltz, empresa na qual investiu cerca de 100 milhões de reais.

Furio diz que a empresa já superou os problemas de suprimento que encontrou nos últimos meses e está aumentando o volume de produção na fábrica de Manaus.

INVESTIDORES SELETIVOS

O banco de investimento Itaú BBA está realizando esta semana sua primeira conferência presencial com empresas latino-americanas em Nova York desde a pandemia, com cerca de 150 presidentes de empresas brasileiras, mexicanas, argentinas e colombianas.

Embora investidores de mercados emergentes estejam mais interessados na América Latina desde a guerra na Ucrânia, com a região relativamente isolada do aumento dos riscos geopolíticos, eles também tem sido mais exigentes com as empresas.

Alex Ibrahim, que dirige a área de mercados internacionais da Nyse, espera que haja uma janela de reabertura para emissões de ações em setembro.

“Os investidores estão mais seletivos, exigindo maior visibilidade sobre a lucratividade das startups”, afirmou. Os investidores estão mais reticentes com empresas que queimam caixa. Enquanto o mercado está fechado, a Nyse continua trabalhando na preparação de empresas de tecnologia e do setor industrial que planejam operações com a melhora do mercado.

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