SÃO PAULO (Reuters) -O mercado de renda fixa no Brasil operava com mais calma nesta quarta-feira, com as taxas de DI em firme queda depois de dias seguidos de rali, conforme investidores reavaliavam preços e aparavam cenários extremos antes da decisão do Copom de mais tarde.

O DI janeiro 2023 caía 15,5 pontos-base, a 11,435%. Essa taxa vem de nove sessões consecutivas de alta, período em que saiu de 9,05% e acumulou no pior momento salto de 275 pontos-base.

Esse vencimento tem reagido fortemente aos últimos acontecimentos na seara político-fiscal por concentrar as apostas do mercado para o rumo da taxa de juros entre hoje e o fim de 2022, intervalo para o qual investidores passaram a exigir mais prêmio de risco devido à deterioração das perspectivas para as contas públicas.

Nesse contexto, que piora o cenário para a inflação, várias instituições financeiras passaram a ver nos últimos dias Selic de dois dígitos no ano que vem, com algumas enxergando taxa acima de 11%.

O juro básico está atualmente em 6,25%, e na noite desta quarta-feira o Banco Central deverá anunciar novo aumento na taxa. A dúvida é em que magnitude.

A curva de DI embutia na tarde desta quarta acréscimo de 1,64 ponto percentual nas próximas horas –em linhas gerais, 56% de probabilidade de aumento de 1,75 ponto e 44% de elevação de 1,50 ponto.

A terça-feira terminou com essa precificação acima de 1,80 ponto –ou seja, com pelo menos 20% de probabilidade de um salto de 2 pontos percentuais nos juros.

No mercado de opções digitais na B3, a aposta majoritária (53,1%) era de anúncio de uma Selic de 7,75% nesta noite –portanto, de alta de 1,50 ponto–, com probabilidade um pouco maior do que a do fechamento da véspera (49%).

O segundo cenário mais provável é o de aumento de 2 pontos percentuais do juro –16% de chance, abaixo dos 23% da véspera. Elevações de 1,75 ponto e 1 ponto também estão entre as possibilidades consideradas por investidores nesse mercado.

Já os FRAs de swap DIxPré apontavam Selic perto de 10% ao ano ao longo de janeiro de 2022, com taxa acima dessa linha em fevereiro e chegando a superar 12% nos meses seguintes.

(Por José de Castro; edição de Isabel Versiani)