São Paulo, 5 – O cenário para o café já não é tão baixista como alguns meses atrás, apontou o analista da INTL FCStone, Fernando Maximiliano, em evento de perspectivas de commodities realizado pela consultoria em São Paulo. “O tom do mercado mudou”, afirmou o analista. “A incerteza é o principal fator gerando recuperação dos preços.”

Segundo Maximiliano, no início do ano a perspectiva era de excesso de café, mas agora o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) é o único que aponta excedente em 2019/20. “Existe expectativa de uma correção (no próximo relatório) de superávit para déficit no balanço global.”

Ele destacou que um importante fator de insegurança são as estimativas para a produção brasileira em 2019, já colhida, que variam quase 10 milhões de sacas entre a maior (do USDA, de 58 milhões de sacas) e a menor (da Companhia Nacional de Abastecimento, de 48,9 milhões de sacas). “Essa incerteza trouxe medo para os participantes do mercado”, disse.

Segundo ele, o mercado vê agora uma safra em torno de 54 milhões de sacas. A FCStone projeta 53 milhões de sacas.

De acordo com o analista, os estoques estão caindo, mas ainda são robustos. “Tem uma perspectiva de possível aperto de oferta, mas ainda temos estoques consideravelmente satisfatórios. As altas recentes foram em grande parte por movimentos especulativos”, disse o analista, citando a cobertura de posições por parte de fundos. “Traders têm relatado pouca compra (de contratos em Nova York) por parte de industriais neste momento.”

A expectativa, segundo ele, é preços em 2020 acima dos observados em 2019, mas isso depende fundamentalmente de um quadro mais claro sobre o que foi a safra brasileira em 2019/20.