Quem nunca titubeou ao fornecer o número do cartão de crédito na web? Apesar dos milhões gastos anualmente pelas empresas para tornar invioláveis as páginas virtuais, a insegurança ainda ronda as transações eletrônicas. Não é medo infundado. No Brasil, de acordo com a Polícia Federal, de janeiro a junho deste ano os piratas digitais roubaram R$ 175 milhões. O sistema financeiro conseguiu reaver 70% desse total, mas os R$ 53 milhões restantes sumiram. O valor supera os prejuízos causados por assaltos a banco, que somam R$ 40 milhões.

Os especialista acreditam que, apesar dos hackers do mal, a porta de entrada dos delitos digitais ainda é o desconhecimento do internauta. Atentas a isso, as empresas decidiram apostar na educação desse usuário final para reduzir as fraudes on-line. Companhias como American Express, Banco do Brasil, Microsoft, Submarino e Redecard, entre outros, lançam, em novembro, uma campanha didática voltada exclusivamente para o esclarecimento de quem navega na web. A iniciativa, o ?Movimento Internet Segura?, é coordenada pela Câmara e-Net, associação que reúne entidades com presença na rede. O projeto inclui a criação de um site institucional e de denúncias, além de campanha na mídia.

?Queremos explicar ao internauta quais os procedimentos que não é preciso temer, embora pareçam perigosos, e quais as transações que, de fato, representam riscos, embora pareçam inofensivas?, diz Gastão Mattos, presidente da Câmara e-Net. Um exemplo: o internauta recebe um e-mail com proposta para atualização de cadastro ou participação em alguma promoção junto com um link para acesso ao site do seu banco. Ao clicar no endereço eletrônico, o correntista é direcionado para um site falso, em que todos os dados digitados são copiados pelos criminosos. A campanha ampara-se em mitos para apontar fragilidades. ?É coisa de Hollywood a idéia de que um golpista consiga criptografar sozinho uma senha ou invadir o site de uma instituição financeira?, brinca Mattos. É real, contudo, o prejuízo com a bandidagem de bits e bytes. Os lesados são muitos. Hoje, 12 milhões de pessoas acessam a conta via web no Brasil. O comércio eletrônico cresce à taxa de 50% ao ano e deverá atingir R$ 6 bilhões em 2004. ?É o momento ideal para mudar a mentalidade de quem já compra na rede e de quem ainda está por chegar?, diz Mattos.