Presidente da Intel no Brasil, Gisselle Ruiz Lanza é espanhola, radicada na Argentina, com passagem profissional pelo México. Formada em Comércio Exterior pela Universidade de Ciências Empresariais e Sociais de Buenos Aires, Gisselle está na gigante fabricante de chips há quase 23 anos. Começou como gerente júnior de contas na linha argentina da empresa, em fevereiro de 1997. Ocupou função de especialista em marketing, posições de destaque nos setores de vendas e desenvolvimento de canais na América Latina e foi diretora de consumo e varejo no Brasil antes de assumir o comando geral da Intel no País, em outubro de 2019. Uma longa carreira na compania. Aos 44 anos, Gisselle não é a mesma que entrou na corporação com 20. A Intel, criada em 1968, em Mountain View, na Califórnia, obviamente também não é a mesma. Ela mudou, a empresa mudou, o mundo mudou.

Porém, duas situações não se alteraram: a executiva continua com seu comprometimento habitual e a companhia mantém em seu DNA o conceito de parcerias com outras corporações. Inclusive com aquelas com as quais disputa mercado. Tanto que a mentalidade disseminada para os 110 mil colaboradores espalhados pelo planeta é de que a Intel não tem concorrentes. São todos parceiros de alguma forma, para levar em frente o objetivo de criar tecnologia que mude o mundo e que enriqueça a vida de cada pessoa. É na esteira de uma parceria com a Dell Technologies que o mais novo produto da gigante americana, o processador Intel Xeon Scalable de 3ª geração, vai chegar ao Brasil nas próximas semanas.

O Xeon Scalable de 3ª geração foi lançado mundialmente no dia 6 de abril. Esse curto espaço de tempo entre a divulgação global e a chegada ao País é um marco histórico, já que até pouco tempo atrás os novos produtos Intel entravam no mercado brasileiro um ano depois de lançado. A Dell será a primeira empresa no Brasil a disponibilizar soluções com o recém-anunciado processador, que compõem os servidores PowerEdge 15G. “Nossos clientes e parceiros são parte essencial do nosso negócio e dos nossos valores – customer obsessed. O sucesso de nossos clientes é o nosso sucesso”, afirmou Gisselle Ruiz Lanza. Raymundo Peixoto, vice-presidente sênior de Data Center da Dell na América Latina, observa que a longa parceria com a Intel permite os avanços tecnológicos para apoio a empresas e à sociedade. “[A ação conjunta] Reforça o compromisso de apoiar a transformação digital das organizações instaladas no País.”

DESEMPENHO Processador Xeon Scalable de 3a geração é otimizado para suportar grandes cargas de trabalho, em computação de alta performance.

EXPECTATIVA A Intel estima que 93% dos dados mundiais em data centers são executados nos processadores escalonáveis Xeon. A 3ª geração é otimizada para suportar amplas cargas de trabalho, desde ambientes de nuvem híbrida e computação de alto desempenho (High Performance Computing ) até as periferias das redes com dispositivos inteligentes. É o único processador para data center com Inteligência Artificial integrada. “Permite capitalizar algumas das oportunidades de negócios mais significativas da atualidade”, disse. O desempenho é, em média, 46% maior em comparação com a versão anterior. Traz também recursos aprimorados de segurança.

É um produto sob o qual existe grande expectativa para incrementar a receita da Intel, que nos últimos cinco anos tem batido recordes seguidos. Dos US$ 77,9 bilhões de faturamento em 2020, US$ 37,8 bilhões (48,5%) foram de negócios relacionados a data centers. Em 2019, a fatia foi bem parelha, na casa de 48,3%. O planejamento prevê chegar a 80% em cinco anos em relação à outra linha de negócios, a de ‘Computadores’. “Nossa visão de futuro é que tudo será liderado por dados. Dados sem processamento têm um potencial inexplorado – o mundo cria 2,5 quintilhões de bytes a cada dia, mas somente uma fração deles é utilizada”, afirmou a presidente.

Segundo relatório da Gartner divulgado no dia 12 deste mês, a Intel é líder mundial pelo segundo ano consecutivo em vendas de semicondutores. O critério de avaliação é justamente a receita. De acordo com dados levantados pela consultoria, o faturamento mundial do setor se recuperou ao totalizar US$ 466,2 bilhões em 2020, aumento de 10,4% em relação a 2019, quando houve declínio de 12% em comparação a 2018. Do total gerado ano passado, 15,6% foram abocanhados pela Intel (US$ 72,7 bilhões para a Gartner, US$ 77,9 bilhões segundo a empresa). Na segunda posição aparece a Samsung Eletronics, com 12,4%.

AÇÃO CONJUNTA A Dell é parceira histórica da Intel e vai trazer para o Brasil o processador recém-lançado, que estará em seu servidor Power Edge 15G. (Crédito:Divulgação)

HUB A Intel desenvolve no Brasil soluções e tecnologias junto aos parceiros. As ações conjuntas funcionam como um hub de inovação, em que já foram colocadas em prática diversas iniciativas e ferramentas para as áreas de varejo, saúde e mobilidade. A empresa tem feito um movimento importante no Brasil para os negócios centrados em dados, apesar de os contratos de PCs representarem a maioria. “Nosso principal desafio tem sido desenvolver nossos parceiros para estarem cada vez mais preparados para o novo mundo de dados”, disse Gisselle, que desde 2005 mora no Brasil. “Hoje me considero brasileira”, disse ela, casada com um brasileiro (Gustavo), mãe de dois filhos, um menino nascido na Argentina (Tomás) e uma menina (Clara) paulistana.

Segmentos de cloud, Inteligência Artificial e internet das coisas (IoT) são os alvos, alinhados com a estratégia global da companhia. A Laurenti – empresa brasileira líder em solução de self checkout – desenvolveu smart lockers com processadores Intel que permitem maior eficiência no processamento e coleta das informações para a criação de dados estatísticos sobre os perfis de usuários, compras e produtos. O InCor (Instituto do Coração) também se beneficiou com soluções presentes em seu Andar Digital, um espaço estratégico em um dos pavimentos do hospital para a experimentação de novas tecnologias e processamento de dados sem fio 100% focadas na experiência de pacientes, familiares e profissionais da saúde. Painel digital de gestão de leitos e de parâmetros clínicos para a enfermagem, carrinhos digitais MedKart e unidades móveis de farmácia digital beira-leito são alguns dos projetos desenvolvidos.

O retorno dos clientes e parceiros tem sido satisfatório. “O processamento e o armazenamento de dados em servidores com tecnologia Intel nos atendem com ótima eficiência e alta velocidade” afirmou Luiz Fernando Gerber, CEO da Finpli, startup que ajuda as pessoas a realizarem negócios à base de troca. “Como o principal parceiro de Retail Innovation da Intel, trabalhamos para desenvolver soluções de leitura do comportamento do consumidor em lojas físicas de varejistas”, disse Ricardo Fioravanti, diretor comercial e de marketing da FX Data Intelligence, plataforma que fornece insights para o varejo por meio visão computacional dirigida por inteligência artificial.

ANDAR DIGITAL InCor possui um pavimento todo com nova tecnologias e processamentos de informações que melhoram o desempenho do hospital. (Crédito:Divulgação)

ESTRATÉGIA Algumas ações horizontais fazem a companhia desenvolver o pilar de parcerias. Uma delas é o programa Intel Partner Alliance (IPA), que dá acesso a contatos e a promoções. O projeto oferece treinamentos pela Intel Partner University e uma colaboração entre os parceiros pelo Intel Solutions Marketplace, uma plataforma de negócios B2B. A outra medida lançada recentemente é a estratégia de manufatura integrada, denominada IDM 2.0 (Integrated Device Manufacturer), que combina a expansão da rede de fábricas da Intel com a capacidade de contratação de produção de semicondutores por terceiros.

O objetivo é espalhar pelo mundo as possibilidades de fabricação de chips. “Ter 80% de todo o fornecimento concentrado na Ásia não é aceitável”, afirmou Gisselle Ruiz Lanza. O projeto prevê a construção de duas fábricas na região do Arizona, nos Estados Unidos, ainda neste ano, com investimento de US$ 20 bilhões. Com o plano de expansão e maior controle de sua produção, a Intel espera ampliar ao máximo sua participação em um mercado de US$ 100 bilhões, até 2025. De quebra, pode evitar uma futura escassez, que geraria um impacto econômico mundial devastador. Atualmente, a produção e o fornecimento global de semicondutores estão em descompasso, situação que vem desde o ano passado. “Estamos trabalhando intensivamente com nossos parceiros da cadeia de suprimentos e alavancando nossos recursos exclusivos de fabricação para solucionar a escassez de componentes em toda a indústria”, disse a executiva.

Seja com as mudanças constantes na Intel em busca de constantes evoluções tecnológicas, seja com a tradicional cultura de parcerias, a gigante americana de chips segue com sua missão de colaborar para um mundo melhor.