Um estudo inédito realizado pela SleepUp apontou que, em média, um a cada três brasileiros sofre com sintomas de insônia. A pesquisa também mostrou que há uma grande subnotificação dos casos: apesar de 31% relatarem a dificuldade para dormir, apenas 6% receberam o diagnóstico de insônia ou outros distúrbios do sono.

A SleepUp é responsável pela primeira plataforma de terapia digital para distúrbios do sono aprovada pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A pesquisa foi realizada com 1.876 entrevistados, de todas as regiões do país, por meio do envio de questionários online.

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As estatísticas da insônia subclínica, ou seja, que não foi diagnosticada, vão de encontro com a estimativa da Associação Brasileira de Sono (ABS), que aponta 73 milhões de pessoas vivendo com o problema no país – por volta de 34% da população geral.

A privação do sono tem impacto direto na saúde física e mental do indivíduo. Além de colaborar para o desenvolvimento de quadros de depressão e ansiedade, a insônia também eleva os níveis de cortisol – ou seja, do estresse – o que significa uma maior chance de doenças cardiovasculares, como hipertensão e uma maior vulnerabilidade para obesidade.

Além disso, o descanso é necessário também para a manutenção das funções cognitivas, como a atenção – o que pode causar desde pequenas inconveniências até acidentes de trânsito por exemplo. Além disso, diversos estudos já apontaram uma maior prevalência de Alzheimer entre aqueles que dormem pouco ou mal.

O levantamento foi conduzido também como uma forma de combater essa subnotificação. A ideia é criar um questionário clínico padrão para identificar um quadro de insônia e facilitar o diagnóstico, chamado de Inventário de sintomas e consequências da insônia (ISCI). Ele tem sido utilizado como base para estudos epidemiológicos e análises médicas.

Uso de remédios sem indicação preocupa
A pesquisa ainda aponta outra questão importante sobre os distúrbios do sono: o uso de medicamentos para dormir. Embora somente 6% tenham algum diagnóstico para o qual possa ser indicado um remédio do tipo, 11% de todos os brasileiros admitem uma ingestão frequente de remédios para induzir o sono. Outros 16% afirmaram recorrer a chás, produtos naturais ou suplementos.

Especialistas explicam que as drogas disponíveis são adotadas como intervenções pontuais, em momentos agudos do distúrbio, e não como alternativa primária de tratamento. Antes, são preconizados os hábitos de higiene do sono, como estabelecer uma regularidade nas horas de dormir e acordar, evitar estimulantes, como café e energéticos, não utilizar eletrônicos algumas horas antes de dormir e evitar a luz durante a noite.

Outros pontos de destaque no levantamento foram que, em linha com diversos estudos sobre o tema, mulheres brasileiras têm duas vezes mais insônia moderada que homens. Além disso, os chamados “baby boomers”, pessoas nascidas entre 1945 e 1964, têm aproximadamente 1,4 vezes mais sintomas do problema que os millennials, geração que nasceu entre 1979 e 1995.