Assim como no futebol, tradição não ganha jogo no campo dos negócios. A americana IBM, um dos maiores e mais antigos conglomerados de tecnologia do mundo, está em busca do equilíbrio — apesar da força de sua marca e da solidez financeira. A pandemia afetou as receitas da companhia fundada há 109 anos, 103 deles com sede no Brasil. De janeiro a março, entraram no caixa US$ 17,6 bilhões, 3,4% a menos do que no mesmo período do ano passado. No segundo trimestre, mais um tombo. Os US$ 18,1 bilhões representaram 5% a menos em relação a igual período de 2019 — o que fez a empresa americana abandonar as projeções financeiras para este ano, depois de fechar 2019 com US$ 77,1 bilhões de faturamento global. E aposta suas fichas em segmentos que vêm dando certo nos últimos anos: nuvem e tecnologias exponenciais, como Inteligência Artificial, blockchain, computação quântica e sensorização. São processos que estão sendo usados pelas empresas para se reinventar e avançar em sua digitalização. “Os desafios criaram tanto necessidades urgentes para as empresas trabalharem com mais agilidade, resiliência, segurança e colaboração, quanto novas formas de promover a inovação e gerar valor”, afirmou à DINHEIRO Tonny Martins, presidente da IBM no Brasil. O setor de Nuvem e Software Cognitivo da empresa alcançou receita de US$ 5,2 bilhões no primeiro trimestre (alta de 5%) e de US$ 5,75 bilhões no segundo trimestre (crescimento de 3%). Resultado obtido muito em razão da estratégica – e cara — aquisição da empresa Red Hat, em meados do ano passado, por US$ 34 bilhões, a maior compra da história da companhia. O objetivo foi justamente melhorar sua posição no setor da computação em nuvem. Uma tendência que levou a IBM a deixar de lado alguns de seus negócios para se concentrar no cloud, uma demanda do mercado que necessita modernizar aplicativos, movimentar cargas mais elevadas de trabalho para a nuvem e automatizar processos tecnológicos. Estudo da Flexera 2020 State of the Cloud Report revela que 61% das empresas esperam aumentar seus planos de uso da nuvem devido às consequências do coronavírus. “O que percebemos é que a pandemia acelerou a transformação digital e o que veríamos acontecer em cinco ou seis anos deve acontecer em aproximadamente dois anos”, disse Martins.

ALIADA DA EDUCAÇÃO Com ferramentas para transmissão on-line de cursos, aulas e outros conteúdos, a IBM mira também instituições de ensino. (Crédito:Divulgação)

OLHAR NO FUTURO E está é a onda que a IBM quer surfar para permanecer na crista e deixar para trás os altos e baixos que permearam companhia nos últimos anos. O impacto nos modelos de negócios e na experiência dos clientes, provocado pela Covid-19, gera mudanças. Segundo a consultoria IDC, 66% das empresas acreditam que as operações devem ser ativadas digitalmente, com mais automação e soluções sem contato, e 62% afirmam que engajamento do cliente precisa ser expandido em canais digitais e de autoatendimento, incluindo os setores de vendas e suporte. A busca é por fazer mais com menos, para obter ganho na eficiência operacional. Nessa esteira, a IBM tem criado soluções com empresas de todos os tamanhos e segmentos. O maior volume está entre as pequenas e médias. Algumas, inclusive, iniciaram projetos importantes durante a pandemia, ao usarem soluções de Inteligência Artificial. Em parceria com a gigante americana de tecnologia, a CoronaBr criou um enfermeiro virtual para responder dúvidas e dar orientações sobre a Covid-19. Alcançou milhões de acessos. Outro case da área da saúde ocorreu com a Mindify. Foi desenvolvido um sistema de diagnóstico automatizado, com cruzamento de dados pessoais e clínicos do paciente.

Além da saúde, educação. Neste meio , a startup Adalace, que oferece software de gestão que ajuda a criar experiências efetivas no ensino e aprendizado on-line, incrementou os serviços durante a quarentena. Em comum, todas escolheram a nuvem pública da IBM. “Garantimos estabilidade, escalabilidade e flexibilidade necessárias para rapidamente estarem no ar e crescer”, afirmou Tonny Martins. Outra ferramenta disponibilizada pela IBM na Educação, o Open P-TECH, foi aderido pela Fundação Bradesco, o maior programa socioeducativo privado do Brasil, para proporcionar aos seus alunos do Ensino Médio conteúdos on-line. Ao buscar o equilíbrio das receitas, a IBM anda nas nuvens e busca inspiração na Inteligência Artificial, para acrescentar conteúdo a um mundo mais conectado e hipercolaborativo, que une o físico e o digital.