O Reino Unido começou nesta terça-feira (8) a vacinar sua população contra a covid-19, a primeira campanha desse tipo em um país ocidental, enquanto a Europa, em meio à segunda onda, já ultrapassou os 20 milhões de infecções.

No Reino Unido, o momento desejado e “histórico” foi traduzido em uma imagem: Margaret Keenan, uma mulher de 90 anos, sentada em uma poltrona com o braço estendido, conversando baixinho com uma enfermeira em um hospital de Coventry em Inglaterra central.

+ Biden pede ação a Congresso para evitar atrasos com vacinas da covid-19
+ Ministro diz que vai adquirir todas as vacinas seguras contra a covid

“Me sinto muito privilegiada por ser a primeira pessoa a ser vacinada contra a covid-19. É o melhor presente de aniversário antecipado que poderia esperar”, declarou Kenan diante dos fotógrafos, uma semana antes de celebrar seus 91 anos.

A mulher foi a primeira paciente do mundo a receber a vacina dos laboratórios americanos Pfizer e German BioNTech no país mais enlutado da Europa, com 62 mil mortos.

Outra vacina que dá muita esperança é a desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade Britânica de Oxford, a primeira cujos testes foram endossados nesta terça-feira pela revista científica The Lancet, confirmando uma eficácia média de 70%.

A Rússia começou no fim de semana a administrar sua vacina, denominada Sputnik V, ainda em fase de ensaios clínicos, e a China também fornece uma vacina experimental a um grupo reduzido da população.

Esta notícia encorajadora chega quando a pandemia já deixa mais de 1,5 milhão de mortes em todo o mundo e 67 milhões de infecções, mais de 20 milhões das quais foram registradas na Europa desde o surto do vírus no início de 2020, de acordo com uma recontagem da AFP com base em dados oficiais, nesta terça-feira às 10h15 (de Brasília).

– Confinamento na Califórnia –

Existem atualmente 51 vacinas candidatas, 13 delas em fase final de ensaios clínicos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera que a vacina não deve ser obrigatória, exceto em circunstâncias profissionais específicas.

Nos Estados Unidos e na União Europeia, órgãos reguladores anunciarão suas aprovações em breve e os países poderão iniciar suas campanhas de vacinação, provavelmente a partir de janeiro.

No Brasil, o estado de São Paulo planeja lançar sua campanha no dia 25 de janeiro, com a vacina chinesa CoronaVac, que está em fase final de estudos.

O Brasil é o segundo país com mais mortes por coronavírus (mais de 177.000), atrás dos Estados Unidos, com mais de 283.000 óbitos e quase 15 milhões de casos até o momento.

Na Califórnia, o governador Gavin Newsom decidiu restabelecer o confinamento no sul do estado, onde vivem mais de 20 milhões de pessoas, para evitar que os hospitais fiquem “sobrecarregados”, pois as unidades de terapia intensiva já estão 85% ocupadas.

Já a cidade de Nova York reabriu as escolas primárias, embora as autoridades estejam considerando fechar restaurantes novamente, devido à retomada da epidemia.

– Sem baixar a guarda –

 

Na madrugada, o Papa Francisco rezou sozinho diante da Virgem em uma praça de Roma por todos aqueles no mundo que “sofrem com a doença e o desânimo”, segundo um comunicado do Vaticano.

No Paraguai, a festa patronal católica da Virgen de los Milagros, a maior do país, foi celebrada nesta terça-feira sem peregrinos e com a praça da basílica vazia.

Em todo o mundo, os governos estão tentando encontrar um equilíbrio tênue entre conter a pandemia e impedir que as restrições afundem ainda mais as economias. Mas vários países estão considerando manter restrições importantes durante os feriados de Natal e Ano Novo.

Na França, o governo reconheceu que “custará atingir a meta” de 5 mil casos por dia, definida como condição para afrouxar as restrições a partir de 15 de dezembro.

Na Alemanha, o governo admitiu que a tendência “não é a esperada” e talvez seja necessário aplicar novas medidas considerando as férias de fim de ano. Na Saxônia, o fechamento de escolas, jardins de infância e a maioria das lojas foi anunciado nesta terça-feira.

Em Hong Kong, as autoridades anunciaram na terça-feira que os restaurantes fecharão às 18h e não poderão abrir academias ou salões de beleza, já que o território semiautônomo de 7,5 milhões de pessoas tem cerca de 100 casos por dia.

Na América Latina e no Caribe, com mais de 460.000 mortes e 13,5 milhões de infecções, a região metropolitana de Santiago, onde vive mais de um terço da população do Chile, voltará à quarentena durante os fins de semana a partir de quinta-feira.

burs-jvb-mis/mb/jc/mvv