Uma matéria publicada no jornal The New York Times (NYT) indicou que a ingerência política envolvendo a pandemia da covid-19 no Brasil está fazendo com que os investidores fujam do País. A culpa é atribuída igualmente ao presidente Jair Bolsonaro, aos dez ministros militares e aos mais de 2,9 mil agentes lotados nas autarquias do governo.

O texto, crítico ao modo como Bolsonaro vêm lidando com a crise no segundo país mais infectado e o terceiro com mais mortes no mundo pela pandemia no mundo, aponta que os militares estão dando a retaguarda necessária para que o presidente siga com uma política de caos na saúde pública.

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A estratégia de conflito com os outros dois poderes está deixando o mundo dos negócios em atenção. O Brasil era visto como uma democracia estável e sólida, com bons índices de crescimento e um futuro de prosperidade, apesar dos problemas envolvendo a corrupção e agora está atraindo a atenção do mundo para a falta de respostas ao modo como o coronavírus é combatido internamente.

Especialista em forças armadas no Brasil, o historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse ao NYT que o crescente poder de decisão dos militares no dia-a-dia do governo só serviu para revelar a incompetência desses agentes em áreas cruciais.

Para Fico, a visão dos militares que estão no governo é de que declarações bombásticas farão “as coisas acontecerem como no campo militar, onde uma ordem é dada e os subalternos obedecem”. O historiador acredita que os militares também correm o risco de serem “responsabilizados pela sociedade pelo que ainda vai acontecer”.

O conflito político, com as forças armadas sempre nos bastidores de um golpe antidemocrático, é algo que não é bem vista fora do Brasil.

Apesar das declarações de que o próprio presidente e a cúpula militar não conversam sobre o assunto e são contra uma guinada do tipo, ações que seriam cometidas para “conter o poder” do Supremo Tribunal Federal, ou até mesmo uma possível invalidação do resultado eleitoral de 2018, são defendidas por aliados e serviriam para a tese de golpe.