Para qualquer empresa do setor produtivo que cumpre suas obrigações, investindo caro em eficiência para arrancar algum resultado, a concorrência desleal e desigual é inaceitável e desestimula. Surpreende que ainda nos dias de hoje, em meio ao esforço geral pelo desenvolvimento acelerado e no trilho das regras globais, o mercado concorde passivamente – com o beneplácito de fiscais e órgãos controladores – que o Brasil siga transformado em praça aberta para o contrabando, a camelotagem e os esquemas de sonegação de toda ordem. 
 

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Na semana passada, um estudo da Fundação Getulio Vargas deu conta dessa realidade internamente. Revelou que o volume de atividades subterrâneas por aqui, distribuído por vários setores, atinge a impressionante cifra de mais de meio trilhão de reais ao ano, ou quase 20% do PIB brasileiro. São exatos R$ 578 bilhões. Essa montanha de dinheiro que corre por debaixo do pano se iguala em cifra ao total do PIB da Argentina. Uma barbaridade! Estão inclusas na conta as mais diversas operações, inclusive ilícitas, como tráfico de drogas e contrabando. Digno de países terceiro-mundistas, o cenário de mafuá de bugigangas, falsificações e mercadorias ilegais não cabe no figurino de um país que se pretende respeitado na comunidade internacional como player digno de integrar o clube das grandes potências. Claro que para o desempenho vigoroso na área da ilegalidade contou muito o alto peso da carga tributária ainda em vigor. A sanha arrecadatória, naturalmente, estimula o mergulho de vários “empreendedores” na informalidade, na qual nada se paga e tudo se contabiliza como dividendo. Dois caminhos, não excludentes entre si, deveriam ser adotados pelas autoridades para reverter o processo: o da baixa dos impostos e o do aperto na fiscalização. A fórmula ideal. Isso todo mundo já sabe! A incógnita que permanece é o porquê de ninguém, quando chega ao poder, levar a cabo a tarefa de executá-la.