Não é petróleo, medicamento nem rede social. O maior negócio que pode ser fechado em 2020 envolve o pouco glamouroso mundo das informações financeiras e das expectativas dos investidores. Duas das líderes do setor, a americana Standard & Poor’s e a britânica IHS Markit estão combinando suas atividades. A S&P propôs comprar a IHS Markit por US$ 44 bilhões em ações, O negócio deve estar concluído no fim de próximo ano.

Os nomes não são populares, mas não há profissional do mercado financeiro que não consulte religiosamente o índice Standard & Poor’s de 500 ações, conhecido abreviadamente como S&P 500, o mais importante dos Estados Unidos. Além disso, a S&P é a principal agência de classificação de risco de crédito. São suas notas que definem se empresas ou países são merecedores dos recursos dos investidores. Da mesma forma, os levantamentos do Purchansing Managers Index (PMI), ou índices dos gerentes de compras, da IHS Markit, são o principal indicador antecedente da economia. Ao perguntar a executivos de empresas se eles pretendem ou não aumentar suas compras, o índice PMI mostra se os tempos à frente serão de euforia ou de crise.

US$ 44 bilhões foi a proposta da S&P pela IHS Markit

A união desses dois conglomerados poderá criar um gigante com 38 mil funcionários, com sede em Nova York, e é a movimentação mais recente do agitado setor de informações financeiras. Em agosto, a Intercontinental Exchanges (ICE), dona da Bolsa Nova York, adquiriu a Ellie Mae, empresa americana que fornece dados sobre o setor de hipotecas. O negócio foi fechado por US$ 11 bilhões, e a meta da ICE é criar um ecossistema em que o mercado imobiliário americano será totalmente digitalizado. Em julho de 2019, a London Stock Exchange Group, que controla a Bolsa de Londres, comprou a empresa de informações financeiras Refinitiv por US$ 27 bilhões. A IHS Markit, que também foi formada a partir de uma fusão entre a IHS e a Markit, realizada em 2016, impulsionaria as ofertas de dados e análises da S&P.

ONIPRESENÇA O negócio mostra a crescente importância e valor das empresas de dados financeiros para os mercados financeiros globais. Outros participantes importantes, além da Refinitiv, são a Bloomberg e a FactSet. Um acordo entre a S&P e a IHS Markit provavelmente enfrentará questionamentos sérios das organizações antimonopólio da Europa e dos Estados Unidos. Elas estão cada vez mais preocupadas com o poder de mercado de um grupo cada vez menor de provedores de dados. O negócio da Bolsa de Londres com a Refinitiv ainda não foi aprovado pelas autoridades em Bruxelas. No movimento mais recente, definido em outubro, o grupo LSE concordou em vender a Borsa Italiana para reduzir seu poder de mercado e obter autorização para a transação. Na informação mais recente, a LSE afirmou que espera concluir a transação no primeiro trimestre do ano que vem.