Eles se multiplicaram muito nos últimos anos e hoje os influenciadores de investimentos já se comunicam com cerca de 91 milhões de pessoas pelas principais redes sociais da internet. Uma base nada desprezível, que totaliza quase metade da população brasileira de 216 milhões de pessoas. Esses “porta-vozes” do investimento no País já superam o alcance dos principais veículos de notícias do Brasil nas redes, que juntos somam 69 milhões de seguidores. O fenômeno foi tão expressivo que chamou a atenção da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), que desde setembro de 2020 passou a monitorar tudo que é dito sobre investimentos pela internet. E mais, passou a ajudar esses novos formadores de opinião a melhorar seus conteúdos com informações mais precisas.

Segundo o superintendente de comunicação da Anbima, Marcelo Billi, em apenas um ano entre a primeira pesquisa e segunda, a audiência dos influenciadores de investimentos teve crescimento de 23,6%. “Esses personagens estão mais ativos, com uma média de 1.237 publicações diárias e não dava para ignorar isso”, afirmou. Para o representante da entidade, os influenciadores ocuparam um vácuo que havia na informação financeira, especialmente depois que os investidores tiveram de buscar por melhores rentabilidades, indo além da renda fixa. “Havia uma grande demanda por informação financeira básica que não era suprida pelos veículos da mídia. Por isso, até as plataformas de investimento tiveram de oferecer isso aos clientes”, disse.

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Na primeira pesquisa, a Anbima detectou um forte interesse em uma relação paritária com alguém que falasse de igual para igual, sem termos rebuscados de economia. E aí percebeu que os influenciadores que mais cresciam eram aqueles que falavam mais diretamente. O objetivo da Anbima era ver o que eles precisavam para ajudá-los nesse trabalho de informação. “Já fazíamos um trabalho semelhante com os jornalistas e criamos um programa de relacionamento e qualificação também com esses influenciadores”, explica.

A segunda pesquisa detectou um aumento no número de perfis, uma vez que cada influenciador passou a ter mais de um perfil em várias redes. No total, o número de perfis chegou a 612 até fevereiro deste ano, uma alta de 9%, de acordo com a Anbima. A audiência foi de 74 milhões para 91,5 milhões de seguidores, alta de 23,6%. A velocidade dos posts também subiu 153%, atingindo a marca de 406 mil publicações. E dessa vez a pesquisa detectou que os assuntos que dão mais interações, ou como se diz na rede “maior engajamento”, são aquelas que citam produtos financeiros como moedas (cerca de 27% de todas as interações), ações (24,5%), criptomoedas (21,3%), dividendos (10,6%) e fundos imobiliários (5,5%). Na maioria dos casos de maior engajamento, as respostas são mais fechadas. Do tipo esse produto é para isso, aquele é para aquilo etc. “Tudo é dito de uma forma bem simples e clara, para apresentar o produto. Mais de 70% dos posts falam de moeda, ações e criptos”, disse.

A pesquisa “FInfluence: quem fala de investimentos nas redes sociais”, realizada pela Anbima, mostrou ainda que mais de 60% do conteúdo está no Twitter, porque é a rede que tem maior interação entre influenciadores e seguidores. Além disso, o raio x mostrou que o Youtube é onde a pessoa busca uma informação mais detalhada e com tutoriais. “A plataforma de vídeo é mais completa para quem busca dados de como e onde investir”, afirmou Billi.
No total, o levantamento analisou 406 mil posts públicos feitos por 277 influenciadores digitais de fevereiro a dezembro de 2021. Desse total, 271 falaram sobre produtos financeiros. Os produtos foram citados 107 mil vezes, com um engajamento médio de 1.648 ações dos seguidores, ou seja, curtidas, comentários e compartilhamentos. Enquanto isso, as publicações gerais sobre investimentos ficaram com engajamento médio de 1.140.

Na comparação com o primeiro relatório, que analisou dados de 23 de setembro de 2020 a 5 de fevereiro de 2021, o produto que mais cresceu em citações foram as commodities, com alta de 302,2% e chegando a 2.204 menções na publicação mais recente. Com as elevações da taxa Selic, que saiu de 2% em fevereiro de 2021 para 9,25% em dezembro, o Tesouro Direto, a poupança e o CDI também ganharam relevância em volume de posts, com altas de 265,7%, 235,4% e 214,1%, respectivamente. A quinta maior variação ficou com as criptomoedas, com crescimento de 213,4%. Conheça o relatório na íntegra.