Sabe a web? Aquela história de 1.0, 2.0, 3.0, 4.0… Então. O paralelo é o mesmo. Primeiro vieram os blogueirinhos e blogueirinhas. Tudo bem, a maioria era insossa mesmo e ninguém deu muita trela. A coisa cresceu. E uma parte dessa turma pioneira desplugou o preconceito e criou uma agenda conhecida globalmente por influencers. No começo, linkados a marcas da indústria da moda e da beleza. Hoje, eles vendem de vinho natureba a apartamentos de luxo. E agora alguns desses expoentes começam a desbravar uma fronteira até então distante. A do ensino. “Natural”, afirmou Lelê Saddi. Não se engane com a economia da resposta. É exatamente isso. Ela tem 423 mil seguidores no Instagram. Mais de seis vezes o que tem a ESPM, a instituição de ensino superior onde fez administração de empresas.

Saddi, apesar dos 33 anos, é uma veterana do mundo dos influenciadores, onde começou há 15 anos. Está à frente da agência PopComm com Fernando Bento, 35 anos, seu sócio. Primeiramente, eles reposicionaram a empresa para o chamado atendimento 360º. “Acreditamos num trabalho integrado, da assessoria de imprensa ao posicionamento de imagem”, disse Bento. Saddi completa: “É uma agência focada em marcas, com um serviço bem full”. Leia-se fazer com que produtos e serviços tenham um mergulho digital. E muito por meio de influenciadores. Esse segmento crescerá em cinco anos 711%. De US$ 1,7 bilhão (2016) para US$ 13,8 bilhões (expectativa para 2021). Somente entre 2020 e este ano a alta será de 42%.

Uma das características mais desejáveis em quem trabalha nesse universo é farejar tendências. Perceber antes para onde os ventos sopram. Vem daí a nova abordagem da PopComm. Sem abandonar seus eixos orgânicos de atuação junto aos clientes, a empresa aposta agora na praia da educação. “Será uma supertransversal”, disse Saddi. A ideia é ocupar uma plataforma – batizada Pop Educ – com cursos de curta duração que, num primeiro momento, vão tratar do segmento lifestyle. O pioneiro é de um tema inevitável: Como Ser um Influencer de Sucesso, ministrado pela própria Saddi. Dividido em quatro módulos, custa R$ 597. Outros no horizonte da Pop Educ devem ser ministrados por especialistas como Philippe de Nicolay Rothschild (empresário e importador de vinho).

Saddi afirma que a ideia nasceu a partir de trabalhos de mentoria para seus clientes. “A gente começou a entender que esse tipo de produto é muito interessante porque conseguimos compartilhar todo o nosso know how, tudo o que a gente viveu nesses anos de mercado”, afirmou. “Levar o conhecimento de nossos clientes e pessoas próximas a nós, que têm conteúdo, têm um vivência e uma experiência incríveis, para outras pessoas.” Ela e Bento concluíram que haveria espaço para esse tipo de formação, que chamam de complementar.

Acertaram no alvo. A argentina Natalia Tieso, gerente de desenvolvimento para a América Latina da fundação International Baccalaureate (IB), com atuação em 150 países e sede na Suíça, aponta que entre as tendências do ensino está o esfarelamento de um paradigma. “Haverá transformação radical na forma de entender o termo educação, além de um deslocamento da educação formal para outras opções, como as plataformas.” Entre as tendências, um destaque. “A aprendizagem contínua e a autoaprendizagem vieram para ficar.”

Isso significa a ampliação de soluções em hubs digitais. “O que pede um perfil muito agregador”, afirmou Saddi. Característica que ela e Bento querem como DNA da Pop Educ. No ano passado, o mercado mundial de educação digital somou US$ 8,4 bilhões, pouco abaixo do setor de influenciadores. Mas o de ensino deve crescer 30% em média até 2027 e não levará mais de dois anos para ultrapassar o dos influencers. Bento e Saddi já sacaram para onde o futuro aponta. Pode chamar de influencers 4.0.