“Nós não podemos mudar o passado, mas podemos consertar o presente e fazer um futuro melhor.” Com esta frase do CEO do Google Brasil, Fabio Coelho na sede da empresa aqui em São Paulo, o executivo abriu o evento promovido pelo grupo Raça de comunicação para uma plateia representativa do mundo digital e gestores do setor público e privado de diversas partes do país como Fabya Reis, Secretária de Reparação do estado da Bahia.

Nomes como AD Júnior,(Rio) Débora Luz, Sah Oliveira,(Brasília) Ana Paula Xongani (SP) e Spartakus (Rio) transitam hoje facilmente entre ativismo politico por igualdade e a representação de algumas marcas que, por sua vez, já entenderam que sem a presença de negros e negras, nos seus quadros funcionais ou como seus representantes, estarão fora do novo momento politico e social e econômico em que vivemos.

No bate papo em que os seis foram sabatinados pelo público presente, podem se perceber avanços, mas, também, as dificuldades e diferenças entre ser um influenciador digital negro e um branco em nosso país, isso não só no aspecto dos contratos, mas também no apoio logístico, número de pedido de trabalhos e também nos recebimentos dos cachês onde há diferenças gritantes, acompanhando as disparidades do mercado de trabalho, mesmo quando o influenciador tem milhares de seguidores.

O lado positivo que também ficou exposto é que em nenhum outro momento da história negras e negros, mesmo que de forma individual, alcançaram um público tão grande, público este passivo de tomar decisões que podem impactar de forma substancial a presença de uma marca, o que ficou bastante evidente na fala de um dos palestrantes, AD Junior, que disse: “Embora tenhamos cada um, um canal de comunicação em que somos fortes, porém, nós conversamos muito uns com os outros e em alguns momentos convergimos em nossas ideias”.

Esta fala deixa claro que uma ação em conjunto desses influenciadores, quando dissecam para um assunto em comum, pode elevar uma marca, mas também pode trazer grandes danos. Um dos exemplos que foi narrado no evento foi uma campanha de um banco que tentava embranquecer um personagem negro importante da história do Brasil.

A ação conjunta desses profissionais foi fundamental para uma mobilidade social e em poucos dias o comercial teve que sair do ar. Outros exemplos foram dados de como a tecnologia tem democratizado o acesso à informação, inclusão e o debate sobre o respeito à diversidade. Não por acaso, o próximo Fórum Brasil Diverso 2019 terá este tema central de suas discussões. Não há mais como falar em avanços democráticos e, por vezes, até retrocesso, sem o uso da tecnologia.