O Comitê Monetário do Federal Reserve (Fed, banco central americano) avaliará nesta semana um novo aumento de suas taxas de juros, que o mercado espera ser de menor magnitude que os anteriores, dada a moderação da inflação e o enfraquecimento do mercado imobiliário.

A inflação bateu um recorde de 40 anos nos Estados Unidos em 2002. O banco central dos EUA aplica uma política de aumentos sustentados das taxas de juros para elevar o custo do crédito e, assim, conter o consumo e o investimento, que pressionam a alta dos preços.

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Graças a esta política sistemática, o mercado imobiliário e as vendas de varejo dão sinais de fragilidade, e o aumento dos salários começa a moderar, parâmetros que foram levados em conta pelo Fed, cuja atual evolução sugere um aumento das taxas de juros inferior aos últimos adotados pelo organismo.

“Um ritmo mais lento de aumentos dos juros dará ao comitê tempo para avaliar todos os efeitos econômicos do endurecimento (de sua política monetária) até agora”, disse Madhavi Bokil, vice-presidente sênior da Moody’s Investors Service.

Os mercados esperam que o Fed adote um aumento de 25 pontos-base em suas taxas de referência ao final de sua reunião de dois dias, que começa na terça-feira (31). Essa decisão significaria um aumento reduzido pela segunda vez consecutiva.

Desta forma, a taxa de juros de referência do Fed ficaria entre 4,50% e 4,75%, nível registrado pela última vez em 2007.

Em dezembro, o Fed anunciou uma alta de 50 pontos-base, um aumento que ficou abaixo dos 0,75 ponto percentual das quatro reuniões anteriores.

O Fed não quer “continuar pressionando até que a economia entre em recessão”, disse à AFP Rubeela Farooqi, da High Frequency Economics.

– A batalha continua –

A batalha contra a inflação “está longe de ser vencida”, adverte o especialista da Moody’s.

Embora a demanda pareça estar se moderando e os gargalos do lado da oferta tenham se solucionado lentamente, o gasto dos consumidores continua resistindo.

Essa conjuntura impede que a inflação caia mais rapidamente e sugere que a “taxa terminal” do Fed – o nível no qual ele deixará de aumentar as taxas de juros – permanece desconhecida.

Bokil explicou à AFP que o mercado de trabalho – com níveis de desemprego historicamente baixos em 3,5% – teria que ceder um pouco para que a inflação realmente caísse e se aproximasse da meta do Fed.

O Federal Reserve tem como meta uma inflação anual de 2%, um nível considerado saudável para a economia.

– “Pouso suave” –

O fato de o mercado de trabalho não ter entrado em colapso com o aperto da política monetária faz com que muitos especialistas pensem em um “pouso suave” da economia, em que a inflação cai sem provocar perdas significativas de empregos ou uma grande recessão.

“Ninguém disse que organizar um pouso suave é fácil, mas nossa suposição básica é que, se o Fed parar de aumentar as taxas em breve, o risco de uma recessão grave é muito pequeno”, explicou Ian Shepherdson, da Pantheon Macroeconomics.

Se o Fed aumentar muito os juros, um “grande perigo” seria uma recessão desnecessária, acrescentou.