Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) indicou que o Brasil vai fechar 2021 com a inflação superior à de 83% dos países no mundo e dois itens são cruciais para explicar a situação: moeda desvalorizada e recuperação econômica mais lenta.

Os dados foram compilados a partir do relatório “World Economic Outlook”, feito mensalmente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e que leva em conta a situação econômica de 200 países. Pelas estimativas do Fundo, a inflação brasileira deve encerrar o ano em 7,9%, valor abaixo do medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que já ultrapassou os 10,25% no acumulado dos últimos 12 meses.

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Se tudo seguir conforme os números apontam, o Brasil vai ficar com uma inflação maior do que entre os emergentes, que giram na casa dos 5,8% e acima da média mundial, de 4,8%.

Para se ter uma ideia do quão lenta é a retomada econômica brasileira, o FMI apontava no mesmo relatório divulgado em outubro de 2020 que 57% dos países avaliados tinham inflação menor que o Brasil. Em abril deste ano a proporção subiu para 70% e no último relatório, divulgado semana passada, a proporção subiu para 83%.

Se o relatório do FMI estivesse em consonância com o Boletim Focus, do Banco Central, e a inflação para 2021 estivesse projetada na casa de 8,69%, a proporção de países com inflação menor que a brasileira seria de 86%.

André Braz, pesquisador do Ibre, disse em entrevista ao G1 que o esfarelamento do Real é um agravante neste situação. Além disso, outros países estão se recuperando mais rapidamente por causa de estímulos fiscais que propõem um aquecimento econômico.

O problema desses estímulos é que a demanda por produtos, principalmente commodities, está gerando escassez no mercado e os preços de itens como petróleo e carvão estão mais altos. E o Brasil, imerso em um cenário de descompasso fiscal, crise política e aumento na taxa de juros, mostra aos investidores que apostar na economia local é mais arriscado, fazendo com que o dólar fique mais caro e ajude a pressionar a inflação.