A participação da indústria de transformação brasileira nas exportações mundiais do segmento caiu em 2018, atingindo 0,90% ante 0,93% em 2017. Os números constam do estudo “Desempenho da indústria no mundo”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), feito com base em dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido).

De acordo com a entidade, o indicador brasileiro interrompeu o movimento de recuperação observado entre 2015 e 2017, quando a participação do segmento cresceu de 0,89% para 0,93%.

O estudo mostra que o Brasil também perdeu espaço na produção mundial e empatou com a Indonésia em 9º no ranking mundial. Em 2018, a participação do Brasil no valor adicionado da indústria de transformação mundial caiu pelo quinto ano consecutivo, de 1,90% em 2017 para 1,83%. “Apesar do maior dinamismo apresentado pela indústria de transformação mundial, o Brasil continuou a registrar queda do valor adicionado, ainda que se observe redução no ritmo de queda”, diz o estudo.

A CNI destaca que o indicador de desempenho produtivo ilustra a perda de competitividade da indústria de transformação brasileira. Segundo a entidade, a perda de participação da indústria local é observada desde a década de 1990. Em 1994, valor máximo da série histórica iniciada em 1990, o País chegou a responder por 3,37% na produção global do segmento. Em 2018, o porcentual chegou ao seu menor patamar, 1,83%.

“A perda de importância da indústria brasileira na produção industrial mundial é uma tendência de longo prazo, mas se intensificou nos últimos anos em razão da crise interna, umas das mais severas já ocorridas. Problemas estruturais antigos, ainda não solucionados, prejudicam nossa competitividade, como a complexidade do sistema tributário brasileiro, que gera insegurança jurídica e aumenta os custos das empresas”, afirma a economista da CNI, Samantha Cunha.

A crise na Argentina, incertezas no cenário externo e a volatilidade cambial também são apontados pelo estudo da CNI como fatores que ajudam a explicar o baixo desempenho das exportações brasileiras, caracterizado por lenta recuperação e queda no último ano.

O estudo destaca que a Argentina é o segundo principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira. Em 2017, o país respondeu por 12,3% das vendas externas brasileiras do segmento. Em 2018, essa participação caiu para 9,8%.

Dos 11 principais parceiros comerciais do Brasil, apenas a China e a Coreia do Sul não registraram perda de participação no valor adicionado da indústria de transformação mundial. A participação chinesa cresceu de 24,29% em 2017 para 24,90% em 2018. A participação da Coreia do Sul manteve-se estável em 2018, em 2,94%, interrompendo tendência de queda observada desde 2014.