Impactadas pela paralisação dos caminhoneiros, as vendas da indústria de materiais de construção no País caíram 4,7% em junho frente ao mesmo mês do ano passado. Agora, o setor acumula uma retração de 0,4% no primeiro semestre e uma leve alta de apenas 0,1% nos últimos 12 meses. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A associação também revisou os números das vendas de maio, passando de alta de 3,5% para queda de 9,0% na comparação anual. Como a pesquisa é feita a partir de pesquisas de campo e dados governamentais, que são divulgados em períodos diferentes, ela ainda não havia captado completamente os efeitos da crise naquele mês.

Apesar dos resultados negativos nos últimos meses, a Abramat ainda espera uma expansão de 1,5% das vendas em 2018 ante 2017. “Nesse momento, não vamos revisar nossas projeções porque seguimos acreditando na sinalização de crescimento”, pondera o presidente da instituição, Rodrigo Navarro.

O executivo salienta que, embora seja provável que ocorra uma variação inferior a 1,5% no ano, o mais importante para o setor é que está mantida a expectativa de uma inflexão, com expectativa de alta no faturamento após três anos consecutivos de queda. As baixas chegaram a 3,2% em 2017, 13,5% em 2016 e 7,2% em 2015. “Acredito que veremos uma inflexão nos índices, passando de negativos para positivos, ainda que pequenos”, estima.

Segundo Navarro, a indústria de construção tem sido puxada pelas vendas de materiais no varejo para pequenas obras e reformas domésticas, onde a demanda deve permanecer estável. Ele observa que boa parte da população adiou as obras durante o auge da crise, mas a postergação chegou ao limite. “Não é possível adiar os cuidados com a casa por tempo indeterminado.”

Além disso, a indústria espera, daqui para frente, o início de um novo ciclo de obras de empreendimentos residenciais e comerciais que foram lançados nos últimos trimestres. “Nós vimos crescimento dos lançamentos, e uma parte disso se transformará em canteiros de obras a partir deste semestre”, prevê Navarro.

Já os projetos de infraestrutura, que têm grande porte e são grandes demandantes de materiais, só devem voltar a ganhar tração em meados de 2019, estima o presidente da Abramat. “Só depois da posse do novo governo e a definição das prioridades orçamentárias essas obras devem ser retomadas. O problema é que ainda não vimos os pré-candidatos se manifestarem sobre isso”, diz.

Em relação ao emprego da indústria de materiais de construção, houve recuo de 0,9% em junho frente ao mesmo mês de 2017. No ano, houve baixa de 1,2% no nível de emprego do setor e, em 12 meses, retração de 2,3%.