Por Hannah Lang

WASHINGTON, EUA (Reuters) – Os entusiastas de criptomoedas estão na defensiva em meio a advertências de congressistas dos Estados Unidos e da Europa de que empresas de ativos digitais não são capazes de cumprir as sanções ocidentais impostas à Rússia, após a invasão da Ucrânia pelo país.

Após as críticas, a indústria de criptomoedas luta para recuperar o controle da narrativa, com muitos executivos frustrados com os questionamentos em relação aos regimes de compliance em vigor nas principais bolsas, como Coinbase e Binance.

A comunidade dos ativos digitais foi, em grande parte, pega de surpresa quando os EUA e seus aliados se moveram para impor sanções abrangentes contra os bancos, elites e outras empresas estatais da Rússia.

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Ao contrário de outras empresas financeiras, as bolsas de criptomoedas rejeitaram pedidos para banir todos os usuários russos, argumentando que isso vai contra os valores libertários do setor. O movimento provocou preocupações entre autoridades europeias e parlamentares dos EUA de que ativos digitais poderiam ser usados ​​para contornar as sanções.

Na segunda-feira, a Coinbase publicou um longo post em que detalhou seus controles e disse que havia bloqueado mais de 25.000 endereços relacionados a indivíduos ou entidades russas que acredita-se estarem envolvidas em atividades ilegais.

A FTX US, uma bolsa de ativos digitais com sede na cidade norte-americana de Chicago, disse que opera várias licenças regulamentadas e continua a “implementar e cumprir rigorosamente” todas as sanções.

“Na maioria das vezes, a maioria dessas empresas já possui sistemas muito robustos e é muito fácil para elas cumprir as sanções, como qualquer outra instituição financeira”, disse Kristin Smith, diretora executiva da Blockchain Association.

RISCO ‘EXISTENCIAL’

Desde o início, a comunidade de criptomoedas difundiu os ativos digitais como veículos para transações anônimas, e uma série de ações federais de fiscalização por fraude, lavagem de dinheiro e ofertas de moedas não registradas apenas reforçou a percepção de que as empresas de criptomoedas são propensas a desrespeitar a lei.

Para muitas bolsas, o risco de não estar em conformidade com as regras é “existencial”, disse Charles Delingpole, presidente-executivo da ComplyAdvantage, uma empresa de tecnologia contra lavagem de dinheiro que trabalha com várias companhias proeminentes do setor, incluindo Binance e Gemini.

“Não apenas em termos de multa (e) remoção do acesso à conversão de dólares”, disse ele. “Para quem está lavando dinheiro, que é o outro lado disso, vem ocorrendo uma enorme reação negativa do público às empresas que facilitam fluxos ilegais de dinheiro”.

(Por Hannah Lang)

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